Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

Conchas com memória

A ideia de escrever este post surgiu porque a Alice trouxe um trabalho para casa esta semana, em que tinha que escolher um objeto para apresentar à turma. Tinha que fazer uma pesquisa na internet sobre o objeto e obter o máximo de informação possível sobre ele para apresentá-lo na escola.

CONCHAS.jpg

A Alice escolheu uma concha, porque é um objeto comum em nossa casa. Tenho por hábito recolher conchas na praia sempre que vou ao Algarve e tenho uma boa coleção delas. Quando vim viver para os Açores, era obrigatório trazê-las, nem que fosse para matar saudades do cheiro do mar algarvio. No meu trabalho, não falta uma concha na minha secretária. Serve para guardar clips, ornamentando ao mesmo tempo e lembrando a minha terra.

IMG_5814.jpg

Em casa tenho um espanta-espíritos feito por mim com conchas apanhadas em várias praias do Algarve. Cada uma conta uma história. Cada um faz-me viajar até aquele dia, àquela praia... Tenho conchas das ilhas da Ria Formosa, que para mim são mais que muitas das Caraíbas. Ilha de Faro, Ilha do Farol, Ilha da Armona, Praia de Cabanas e Cacela Velha são alguns dos areais que escondem verdadeiras «jóias» do mar.

 

IMG_5810.jpg

Quando a maré está vazia, principalmente, gosto de dar um passeio à beira mar com os meus filhos e escolher as conchas mais coloridas e brilhantes. As madre-pérola são autênticos tesouros.

931329055_1_644x461_conchas-madreprola-madre-prola

Os búzios também fazem o encanto das crianças e deixam-nas perplexas quando «ouvem» o mar lá dentro. A verdade é que quando escutamos uma concha ou um búzio, estamos apenas ouvindo todos os sons que estão ao nosso redor. Com um labirinto em espiral, a concha produz o efeito de uma caixa de ressonância, que concentra e amplifica os sons, um efeito parecido com o eco que ouvimos dentro de uma igreja por exemplo. No final, claro que não é o barulho do mar, mas se parece muito com isso.

IMG_5811.jpg

A Alice gosta de apanhar as conchas mais pequeninas, que já têm buraquinhos para fazer pulseiras e colares. Gosto também de usar as conchas para decorar centros de mesa com velas.

Nos Açores, não existem essas conchas calcárias. As conchas mais vulgares e que também coleciono são das lapas, uma das iguarias açorianas de eleição.

IMG_5813.jpg

Como é formada uma concha?

 

Elas são basicamente carapaças protetoras dos moluscos marinhos, animais de corpo mole. Quando eles nascem, forma-se a seu redor uma concha provisória, chamada protoconcha. Quando o molusco cresce e atinge a idade jovem, começa a se constituir a concha definitiva, substituindo a primeira. É o chamado manto-tecido parecido com a pele, envolvendo as partes vitais do animal – que secreta as substâncias formadoras das quatro camadas da concha. O principal componente é o carbonato de cálcio, extraído da água do oceano. Há também elementos orgânicos, como proteínas, produzidos pelo próprio animal.

 

IMG_5809.jpg

As conchas, que servem de proteção para vários animais, principalmente os moluscos, são estruturas complexas formadas basicamente de carbonato de cálcio. Nos moluscos existem três substâncias que compõem a concha: a camada externa é formada por uma substância chamada de conchiolina, uma camada intermediária de calcita e uma camada de carbonato de cálcio.

 

O órgão que forma a concha é chamado de manto, um tecido delgado que fica em contato direto com a parte interna da concha. O manto concentra o cálcio em áreas onde pode ser separado do sangue , formando cristais de carbonato de cálcio que secretados junto a uma matriz orgânica vão formando lentamente a concha.

 

Quando um molusco é invadido por um parasita ou é incomodado por um objeto estranho que o animal não pode expulsar, entra em ação um processo conhecido como enquistação, pelo meio do qual a entidade ofensiva é envolta, de forma progressiva, por camadas concêntricas de nácar. Com o tempo formam-se pérolas. A enquistação mantém-se até que o molusco morra.

13949perola.jpg

As conchas são muito duradouras: duram mais tempo que os animais de corpo mole que as produzem. Em lugares onde se acumulam grandes quantidades de conchas formam-se sedimentos que podem converter-se, por compressão, em calcário.

 

Na verdade, não sei dizer o que me encanta nas conchas, mas com certeza porque me fazem lembrar o mar, aquele de quem não sei viver longe, aquele que me faz lembrar as minhas raízes e aquele que guarda para sempre quem mais amo! 

A-pile-of-seashells-Macro-HD-wallpaper_1920x1080.j

 

Hortênsias ou Novelões

Hortências, hidrângeas ou novelões é o nome dado às lindas flores que preenchem as bermas das estradas açorianas. A expressão «novelões», ou ainda «novelhões» é um regionalismo da língua portuguesa utilizado pelos micaelenses principalmente.A beleza destas flores encanta todos os que visitam São Miguel por altura da primavera e verão.

julho nordeste 2017.JPG

Chega o mês de Maio e as estradas da ilha enchem-se de arbustos verdes, de onde começam a brotar as primeira flores que passam por várias cores e embelezam de uma forma inacreditável.

arbustos hortensias estrada.jpg

Em Portugal Continental, principalmente, no norte do país são também conhecidas como hidrângeas. São plantas que gostam de clima húmido. De nome científico Hydrangea macrophylla, este arbusto é originário do Japão. Terá sido introduzido provavelmente por meados do séc. XIX. Além do seu grande interesse ornamental, começou por ser usada com a tradicional função de sebe viva na compartimentação de terrenos.

IMG_2618.jpg

Claro que na ilha mais verde dos Açores não podiam faltar. Servem muitas vezes, para dividir pastagens e terrenos.

Ao longo dos anos, a hortência tornou-se imagem de marca do Arquipélago dos Açores e tem sido utilizada como imagem turística por todo o mundo. Os micaelenses também utilizam muito estas flores para enfeitar os tapetes das procissões.

tapetes de hortensias.jpg

 As sebes floridas de azul e branco são são espécies infestantes. Não admira, portanto, que tenham sido um dos principais agentes da sua disseminação o Homem, apesar da sua beleza. No entanto, graças à sua habilidade competitiva, reproduzindo-se por semente e vegetativamente, escapa frequentemente colonizando pastagens, ravinas e crateras onde a vegetação natural tenha sido perturbada.

IMG_2091.jpg

Existe até já um negócio de exportações destas flores dos Açores para a Europa. Num artigo de jornal desta semana, vem uma reportagem sobre esse mesmo negócio. «O processo da apanha das hortências começa na última semana de Agosto, mas o forte das colheitas acontece nos meses de Setembro e Outubro», refere o empresário Ângelo Duarte no Atlântico Expresso. Com sede na Horta, esta empresa açoriana exporta para países como a Alemanha, Itália e Espanha.

Em jeito de curiosidade, refira-se que caso a planta não faça floração é sinal de que, ou não apanhou sol suficiente e esteve exposta a temperaturas demasiado baixas, causando a morte dos botões de flores, ou não foi podada na altura certa.

6.jpg

As flores, muito atrativas e abundantes em São Miguel, podem atingir tonalidades rosadas e roxas, sendo para mim as mais bonitas. No mês de Agosto, pode-se atingir a uma explosão de cores pelas estradas e recantos micaelenses. Nas Sete Cidades e Furnas existem em maior abundância, mas podem-se encontrar em quase todos os cantos da ilha.

As hortênsias eram as flores de eleição para o meu casamento, mas como se realizou no Algarve em Junho, e por essa altura não era possível trazê-las dos Açores, por azar decorria também nesses dias uma greve dos camionistas que traziam as flores da Holanda, o que impossibilitou a realização desse meu desejo. Juntamente com a florista optámos por subistituir pelas orquídeas japonesas e agapantos.

flor lilas casamento.jpg

 Aqui ficam alguma fotografias tiradas, por mim própria, em anos diferentes e alturas distintas:

11949285_10153144763896134_5957013787122012572_n.j

Sete Cidades, Agosto de 2017

Agosto 2017 sete cidades.jpg

Nordeste, Setembro de 2017

setembro nordeste.jpg

setembro 2017.jpg

Nordeste, Julho de 2017

julho 2016.JPG

Lagoa, Junho de 2017

junho 2017.JPG

Alice hortensia.jpg

IMG_3838.JPG

 

 

 

 

 

 

 

Loulé, Batalha de Flores

Na minha terra, Loulé temos o Carnaval civilizado mais antigo do país, com mais de cem anos. O 1º Carnaval de Loulé remonta a 1906. Aconteceu na Praça da República. Esta é uma das poucas fotografias existentes dessa altura, e já ai existiam os carros ornamentados com flores de papel, daí o nome Batalha das Flores.

Ano-zero-Carnaval-Loulé-1906-Praça-da-Republica-

Carnaval_de_Loule1908.jpg

maxresdefault.jpg

As flores de papel talvez tenham tido inspiração nas amendoeiras em flor que por esta altura do inverno enchem o Algarve de um manto branco.

amendoeiras11-1.jpg

 

Amendoeiras-em-flor-wide-740x350.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As tradições dos mais jovens são outras. Nos três dias de corso carnavalesco, a Avenida principal da cidade fica pintada de várias cores, porque são permitidas verdadeiras batalhas de ovos, farinha, tinta e espuma de barbear. Foto do meu amigo fotógrafo Luis da Cruz:

IMG_5557.jpg

Tenho belas recordações dos dias da minha adolescência que chegava a casa com mais de 20 ovos nos cabelos, a cara pintada das mais variadas cores e a roupa molhada de água. Outras memórias não são tão boas como quando tinha que fazer uma verdadeira gincana para fugir aos rapazes "marafados" que no caminho para a escola, naqueles dias,  nos queriam atirar com ovos, alguns podres... quantas vezes tive que voltar a casa para tomar banho e mudar de roupa porque tinha sido "apanhada". Mas são dessas recordações que são feitas também as memórias da nossa juventude louletana. 

IMG_5555.JPG

O Carnaval de Loulé é chamado de Batalha das Flores porque os carros alegóricos são todos enfeitados de flores coloridas feitas de papel, um trabalho manual que começa meses antes do corso carnavalesco acontecer.

Carnaval-de-Loulé-1º-dia-CML-Mira-1-767x460.jpg

Carnaval-de-Loulé-1º-dia-CML-Mira-5-767x460.jpg

 

089.JPG

Carnaval de Loule  3 Dia - C.M.Loule  - Mira 6.JPG

Na edição deste ano de 2018, o Carnaval de Loulé tem como mote “Summit de Loulé”, numa paródia àquilo que foi a Web Summit, a cimeira de tecnologia e empreendedorismo em Lisboa, 14 carros alegóricos desfilam para levar ao público o que de melhor este corso centenário tem para oferecer, ou seja, uma sátira acutilante aos principais acontecimentos nacionais e internacionais dos últimos meses, nomeadamente nos quadrantes político, social e desportivo, mas também a beleza e qualidade artística dos carros.

Carnaval de Loulé 1º dia - CML- Mira (3).jpg

Carnaval de Loulé 1º dia - CML- Mira (2).jpg

A Avenida José da Costa Mealha enche-se de milhares de louletanos e visitantes, muitos turistas, por estes dias para dançarem ao som dos grupos de samba e entrarem na «folia louetana». Não obstante as suas raízes bem portuguesas e algarvias, o Carnaval de Loulé é contagiado também pelo ritmo frenético do Brasil e, mais uma vez, as escolas de samba trazem o calor que se vive do outro lado do Atlântico nestes dias. Para os muitos turistas estrangeiros que acorrem ao mais antigo Carnaval do país, as esculturais bailarinas com samba no pé são, de resto, um dos principais motivos para uma fotografia ao desfile. 

Carnaval de Loulé 1º dia - CML- Mira (8).jpg

Outras tradições que fazem parte da minha juventude são as saídas noturnas, onde todos se mascaram. Há a famosa noite em que os rapazes se fantasiam de mulheres. Sim em Loulé também há uma noite de «Matrafonas». Existe um grupo de «bailarinas» já com uma tradição de muitos anos, um grupo de amigos que nessa noite vestem os collants, maiôs e tutus e alegram a noite louletana. 

matrafonas.JPG

Há também a Noite do pijama, em que toda a gente sai para a rua com as mais diversas fatiotas de dormir. Sem esquecer, a noite dos Anos 80, onde o Bar Bafo de Baco é paragem obrigatória, e onde há anos a banda «La Plante Mutante» toca ao vivo, grande parte músicas conhecidas dos anos 80.

img_222x147$2008_10_21_21_19_00_346658.jpg

concerto-carnaval-la-plante-mutante-468824.jpg

 

Batalha de Limas

A Batalha das Limas é uma tradição micaelense, que se traduz num cortejo realizado na tarde da Terça-Feira de Carnaval, onde camiões abertos, carregados de jovens (e outros menos jovens) armados de capacetes que disparam e são alvejados por balões de água e as chamadas "limas".

IMG_5553.JPG

As limas são nada mais nada menos que bolas feitas de parafina (cera de velas) recheadas de água. Segundo fontes próximas, antigamente existiam moldes mesmo próprios para fazer as ditas limas.

IMG_5551.JPG

Cada vez mais essa tradição foi se perdendo pois causava algumas "nódoas negras", quando mal produzidas. As bolas feitas com muita cera acabam por ser verdadeiras armas de arremesso perigosas. Hoje em dia, acabam por utilizar os tradicionais e coloridos balões de água.

baloes de agua.jpg

Crianças, jovens e outros mais adultos juntam-se, não só na Avenida Marginal de Ponta Delgada, mas em vários pontos das freguesias da ilha de São Miguel.

 

13248.jpg

Rota do Chá

Na ilha de São Miguel, existe a única plantação de chá verde da Europa. Na Rota do Chá estão a fábrica de chá da Gorreana e a do Porto Formoso. As duas são comercializadas em grandes superfícies. Mas, nada como degustar um chá verde e apreciar a paisagem inesquecível dos Açores.

11951764_10153144755331134_9056717519595069856_n.j

cha-porto-formoso.jpg

A visita à Gorreana é quase ponto de paragem obrigatória para quem visita a ilha. Seguindo a estrada da Ribeira Grande em direção a Nordeste, é fácil identificar as plantações de chá verde à beira da estrada, de ambos os lados. Para quem nunca viu parecem arbustos ornamentais em forma de escadinha. De acordo com as estações do ano, encontram-se mais baixos e podados no inverno e mais altos na primavera e verão.

11.jpg

13659123_10153804895721134_2703538802827626638_n.j

A Fábrica de Chá da Gorreana pode ser visitada de forma gratuita. É possível conhecer todas as máquinas utilizadas no processo de produção do chá e até assistir ao seu empacotamento pelas funcionárias da fábrica. E, no final, encontramos uma sala de prova de chá. Também pode passar na loja se quiser comprar algum souvenir ou o próprio chá nas suas três variedades (orange pekoe, verde e preto).

pacotes de chá.jpeg

Para mim a Fábrica do Porto Formoso é a mais bonita. Menos visitada  e mais escondida, fica situada num solar antigo, onde a sua plantação de chá fica sob um declive com paisagem sobre a bonita praia com o mesmo nome. A visita lá é guiada e pode ser feita em várias línguas. No final, é servido um chá numa sala com decoração à moda antiga.

11222576_10153144755326134_4080099616087659929_n.j

2.jpg

11138615_10152873638491134_7111775373024902130_n.j

11949285_10153144763896134_5957013787122012572_n.j

entrada porto formoso.jpeg

pacotes porto formoso.jpeg