Mosteiros
Mosteiros ao pôr-do-sol é como uma pintura da natureza que nos enche a alma e o coração. Não há máquina fotográfica que registe aquela paisagem como ela realmente é. Talvez porque o sentimento de gratidão e amor se misturem ali num misto de saudosismo e esperança no futuro ao mesmo tempo.
A freguesia dos Mosteiros pertence ao concelho de Ponta Delgada, na iha de São Miguel, tem cerca de 9 km2 de área e pouco mais de mil habitantes. A sua comunidade é essencialmente piscatória. Sendo uma freguesia banhada pelo Oceano Atlântico, possui um porto de pesca, uma praia de areia escura, onde desaguam duas ribeiras provenientes das cumeeiras, e piscinas naturais designadas por Poço da Pedra.
Aqui é possível disfrutar de um dos mais belos pores-do-sol da ilha. Eu, como colecionadora deste «milagre» da natureza, sou suspeita a falar, mas fica sem dúvida no meu top 3, de todos os que já existi!
A empresa marítimo-turística «Terra do Pico» (http://terradopico.uractive.com/activities) mantém aberto um museu e oferece serviços de observação de cetáceos e passeios turísticos ao longo da costa da freguesia. Foi através de uma colega de trabalho que tomei conhecimento dos passeios de barco. Escolhi a semana que a minha irmã me veio visitar para lhe oferecer esta experiência. Queria algo que nos ficasse marcado na memória para sempre. E assim foi...
Foi um final de tarde inesquecível. Já tinha ido antes fazer passeios de catamaran e semí-rígido para observação de cetáceos, onde avistei golfinhos, cachalotes e tartarugas, mas inexplicavelmente este pôr-do-sol marcou-me. Talvez porque, apesar do verão estar no fim, termos tido a sorte de um dia perfeito, com uma temperatura amena e poucas nuvens no céu.
Depois de fazer a reserva por telefone com alguma antecedência, os funcionários sempre muito simpáticos fizeram questão de confirmar e explicar todos os requisitos. Pediram-nos apenas que estivessemos uns 10 minutos antes para uma breve explicação, sublinhando que o caminho até aos Mosteiros era um pouco demorado e cheio de curvas. Já tinha estado nos Mosteiros, mas realmente não me lembrava que ainda são uns 45 minutos de estrada até lá.
Chegados à sede da empresa Terra do Pico, havia mais um grupo de americanos para o passeio e a explicação fez-se essencialmente em inglês. Foram-nos emprestados uns casacos impermeáveis e esclarecidas todas as medidas de segurança. Foi-nos avisado que o barco só entraria nas grutas caso as condições do mar o permitissem. E até nisso tivémos sorte. A maré estava baixa, o mar sereno e foi mágica a nossa visita à grutas perto da Ferraria.
O «skiper» rodeou os ilhéus que dão nome aos Mosteiros, aproximou-se da costa para avistarmos a fauna e flora locais. Aquele pedacinho à beira mar plantado retrata bem a história da ilha e fez-nos viajar até à erupção vulcânica das Sete Cidades datada de 1444. Se é curioso espreite a cronologia de desastres naturais nos Açores na Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_de_desastres_naturais_nos_A%C3%A7ores.
Só tive pena de não ter levado os meus filhos, com medo que não fosse seguro o barco, mas para a próxima com certeza irei levá-los. Foi um passeio de apenas uma hora, mas foram os 15 euros mais bem empregues da minha vida. Foi um pôr-do-sol sem preço, que me deixou mesmo emocionada!