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O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

Malassadas vs Filhós

Portugal é um país pequeno, mas a língua portuguesa é muito rica, variando muito do sul para o norte e principalmente nas ilhas. O dicionário gastronómico, então, é vastíssimo. Só em termos de padaria e pastelaria já conheci três ou quatro nomes diferentes para o mesmo tipo de pão ou doce. Os paposecos do Algarve e Alentejo são as carcaças de Lisboa, os bijous em Chaves e as bolinhas em Arouca. As «malassadas» açoreanas são as filhós/filhoses algarvias ou farturas no resto do país.

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A primeira vez que ouvi falar em «malassadas» fiquei sem saber o que era. Depois provei e percebi que são muito parecidas às nossas «filhoses» ou «filhós» algarvias. Comem-se por altura do Carnaval e na minha que é terra dele (Loulé) vendem-se em roulotes por toda a cidade nessa altura. Em Chaves, por exemplo, também se encontram à venda na rua na Feira dos Santos, em Novembro.

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As malassadas de São Miguel começam a ser feitas por altura do Natal e passagem de ano e vão até ao Carnaval. Já provei várias caseiras, umas com mais sabor a limão, outras menos. Mas, acabadas de fazer, ainda quentinhas são as melhores!

O nome «malassadas» é antiquíssimo e provavelmente já corrompido. Vem da expressão «mal assadas» ou de «melaçadas». Antigamente, a doçaria popular era confecionada com melaço, embora os árabes que estiveram na Península Ibérica já tivessem açúcar. Praticamente toda a doçaria açoreana é rica, uma exceção a essas tais malassadas populares, que se fazem também na Madeira e que foram levadas pelos emigrantes açorianos para o nordeste americano e até para o Hawai.

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Mas, mais do que me adoçar a boca, as malassadas ou filhós fazem-me viajar no tempo e recordar os Natais na casa dos meus avós maternos. Todos os anos, no dia 25 de Dezembro, era sagrado juntar-se a família toda em casa dos pais da minha mãe, um pequeno sítio chamado «Monte Ruivo», pertencente a Alte, aldeia do interior algarvio, concelho de Loulé.

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Tenho três tios e quatro primos e aquela manhã de Natal tinha cheiros e sabores especiais que jamais esquecerei. Quando éramos crianças, era uma euforia mostrar os presentes ganhos na noite anterior e sermos recebidos com abraços e beijinhos carinhosos por todos.

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Com o almoço ainda ao lume, todos ajudávamos a pôr a mesa, enquanto íamos petiscando as tais filhós. Recordo-me tão bem de me sentar no colinho da minha doce e querida avó Maria, até já ser grandinha. Tenho na memória, também, a imagem de vê-la a pentear os seus lindos e longos cabelos brancos.

A minha avó era uma ótima cozinheira, mas os doces eram a minha perdição. Era especialista em filhoses, sonhos e pastéis de batata doce. Por altura da matança do porco (que eu detestava e fugia para longe na hora que o coitado do animal começava a grunhir), a casa enchia-se de uma mistura de cheiros, entre chouriços, torresmos e sangue cozido com alho e coentros. Cheiros e sabores que jamais irei esquecer!

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A receita tradicional das filhós de canudo do Algarve, tem este nome em homenagem aos tempos em que eram estendidas com um canudo para apresentarem esta forma tão original e caracteristica desta zona. São servidas normalmente regadas de mel. Os ingredientes são os seguintes: 500g farinha, 100g manteiga, 1 ovo, sumo de uma laranja, meia colher de chá de erva-doce, sal, água morna e óleo vegetal.

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A receita das malasssadas de São Miguel leva os seguintes ingredientes:

- 2 kg de farinha,

- 6 colheres de sopa de açúcar,

- 12 ovos,

- 125 g de manteiga,

- 125 g de banha,

- 2,5 dl de leite,

- 2,5 dl de água,

- 40 g de fermento de padeiro diluído,

- 1 cálice de aguardente (opcional)

Receita:

Bater tudo muito bem até a massa estar fina e deixar levedar, embrulhada num pano. Cortar ao tamanho de um bife e deixar o centro mais fino que os bordos. Fritar em óleo bem quente. Servir frias, polvilhadas com açúcar.

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Louvre Micaelense

O Louvre Micaelense é ponto de paragem obrigatória para quem visita São Miguel. Situada no nº 8 da Rua José António d'Almeida, trata-se de uma mercearia de estilo retro que faz viajar até aos anos 20. Uma decoração acolhedora e empregados atenciosos fazem deste local um dos meus preferidos de Ponta Delgada.  O mais curioso é que fui lá encontrar uma louletana a trabalhar.

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Inaugurado em 1904, foi um dos estabelecimentos mais "coquetes" da cidade de Ponta Delgada, vendendo chapéus e tecidos, que vinham directamente de Paris. Depois de uma cuidadosa recuperação de forma e realçar o seu charme e personalidade, o Louvre Michaelense reabriu na forma de mercearia. As prateleiras da outrora chapelaria agora encontram-se cobertas de sabores da terra e do mar dos Açores e do mundo. 

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Café, chá, conservas, vinhos, licores, gin açoreano, cereais a granel, artesanato, bonecas de trapos, bijeteria, roupa, calçado, louça e muito mais. Sobre o balcão estão expostos muitas tentações para os mais gulosos: biscoitos caseiros, massa sovada fresquinha, queijadas deliciosas, entre tanto outros. Foi lá que comi as melhores queijadas de leite de sempre. Acompanhadas de um chá de maracujá e laranja ou de outros sabores disponíveis na loja. Para os menos gulosos, também existem empadas e tartes salgadas.

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Catarina Ferreira, a atual proprietária, criou duas linhas próprias de produtos, «Louvre» e «Avó Catita», que englobam t-shirts, canecas, cadernos, entre outros artigos. A mercearia que abriu portas no dia 6 de Junho de 2015 tem, também, à venda coleções de postais que resultam de uma colaboração com fotógrafos profissionais e amadores que fotografaram os Açores.

As obras que foram levadas a cabo para abrir este estabelcimento centenário passaram pela recuperação das prateleiras em pinho resinoso, chão em azulejo e antigo balcão, uma “peça marcante” que funciona como expositor.

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Mas foi a recuperação das letras com o nome da loja que mais preocupação gerou, uma vez que já não existe na ilha quem consiga recuperar tabique e gesso, tendo a empresária recorrido a um restaurador da ilha Terceira, que também está a recuperar a igreja de S. José em S. Miguel.

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Entretanto, no andar de cima, também foram recuperadas as várias divisões que agora funcionam ao fim-de-semana com os chamados «Lusco-Fuscos», lanches ajantarados que começam pelas 17 horas e terminam às 20 horas, e incluem além de variadas tapas e bebidas, música ao vivo.

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Ao domingo de manhã, é imperdível o Brunch entre as 9 e as 13 horas. Por apenas 10 euros pode tomar um pequeno-almoço reforçado, com produtos açoreanos e não só, e prolongar até ao almoço, em formato de buffet.

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Carta ao Pai Natal

Por esta altura, crianças por todo o mundo começam a sonhar com os brinquedos que gostariam de receber este Natal. A minha filha ainda acredita no Pai Natal, mas cada ano que passa vai ficando mais desconfiada da sua existência. O ano passado já olhou atentamente para o velhinho que veio trazer os presentes e achou que a sua barba estava um bocadinho «esquisita». Este ano, como já sabe escrever a carta foi toda feita por ela. O mais pequeno agora é que começa a vibrar com o amigo das barbas branquinhas.

 

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Mas será prejudicial que as crianças acreditem no Pai Natal?

De acordo com vários estudos que li, os psicólogos defendem que esta é uma «boa mentira». Acreditar no Pai Natal é inofensivo e pode ser benéfico para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Os contos de fadas e as histórias mágicas podem incentivar o desenvolvimento de um pensamento criativo, promover a consciência social e até a capacidade de compreensão científica.

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Independentemente do nível de inteligência, estudos recentes revelam que as crianças que se encontram mais envolvidas em jogos de fantasia e imaginação são mais capazes de distinguir a aparência da realidade, de entender as expectativas dos outros, de perceber que as percepções de cada um dependem do contexto, de compreender melhor as emoções e, também, de desenvolver uma maior capacidade de criar cenários hipotéticos, que reforçam o raciocínio: e se as renas ficarem doentes, como é que o Pai Natal entrega as prendas? E se os duendes não terminarem de organizar as prendas, como será o Natal? Tudo isto se reflecte, na vida adulta, numa maior capacidade para pensar soluções, para criar ideias e para prever possíveis acontecimentos.

Deste modo, percebemos que permitir que crianças acreditem que existe um senhor de barba branca que se passeia pelos céus, sentado num trenó puxado a renas, com um saco cheio de prendas, poderá ter, no futuro, impacto no modo como se percepciona o mundo e como colocamos ao serviço do quotidiano o nosso lado mais criativo e imaginativo.

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Contudo, com o tempo, manter a lenda do Pai Natal viva vai-se tornando cada vez mais difícil para os pais. Na verdade, o que importa é que as crianças percebam o valor da gratidão. O consumismo desenfreado, por esta altura, torna complicada a tarefa de fazer acreditar aos nossos que há milhões de crianças no mundo que não têm brinquedos.

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Hoje, 20 de Novembro, é o Dia Internacional dos Direitos das Crianças, o Dia Universal da Infância. É uma data que nos faz recordar que uma criança não é somente um ser frágil, que necessita de proteção, mas também uma pessoa que tem o direito à educação, cuidados e carinho, onde quer que tenha nascido.

A criança é uma pessoa que tem o direito de divertir-se, de aprender e a expressar-se. Todas as crianças tem o direito de ir à escola, de receber cuidados médicos e se alimentar para garantir seu desenvolvimento em todos os aspectos.

Infelizmente, hoje quando vi as notícias diziam que existem atualmente 250 milhões de crianças a viver em países de guerra e 50 milhões que são obrigadas a abandonar as suas casas. A UNICEF alertou que 6 milhões de crianças morre de causas que podiam ser evitadas e 380 milhões vivem em pobreza extrema.

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E estes são os números que me fazem pensar, principalmente nesta altura natalícia, o quão insignificante são as listas infindáveis de pedidos que o Pai Natal recebe. Tento transmitir esta ideia aos meus filhos. A Alice já é mais crescida e muitas vezes á noite antes de dormir agradece pela sorte que tem em ter uma família, uma casa, comida e brinquedos, que muitas crianças não têm neste mundo.

Claro que o que nós gostamos é de ver os nossos filhos felizes e aquela alegria que vemos nas suas carinhas quando recebem o tão desejado presente na noite de Natal não tem preço. Tento, no entanto, incutir o sentido da solidariedade e compaixão e tenho esperança que os meus filhos sejam daqui a uns anos adultos generosos e altruistas.

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Terra Nostra

O Parque Terra Nostra Garden é um dos ex-libris da ilha de São Miguel. Nascido no Vale das Furnas há mais de 200 anos, este jardim oferece a quem o visita uma coleção única de milhares de espécies de árvores e plantas. O gigante tanque de água termal e as novas piscinas de jacuzzi naturais permitem momentos de relaxamento do corpo e da mente, tornando este um sítio único no mundo.

 

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O Vale das Furnas é nada mais nada menos do que uma cratera com mais de 7 km de diametro, memória de um vulcão há muito inativo. Mas quem por lá passa sente a actividade vulcânica através das muitas caldeiras que brotam do chão. As suas águas termais tornaram-se famosas no século XVIII quando foram descobertos os seus poderes no tratamento de várias doenças como reumatismo, obesidade, doenças de pele e problemas respiratórios.

 

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O Parque Terra Nostra fica no centro da vila. A sua história encontra-se descrita no site oficial do Parque  (http://www.parqueterranostra.com/pt-pt/home.aspx).

Por volta de 1775, Thomas Hickling, um abastado comerciante originário de Boston, que foi Cônsul Honorário dos Estados Unidos em São Miguel, mandou construir uma casa de madeira, que tomou o nome de Yankee Hall, assim como um grande tanque de água com uma ilha no meio e rodeou-o de árvores. Ainda é possível hoje em dia ver um carvalho inglês plantado por Hickling. 

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Em 1848 a propriedade foi comprada pelo Visconde da Praia, que construiu a atual casa do Parque em 1854 no lugar da Yankee Hall. A Viscondessa interessava-se por jardinagem, e o casal aumentou os dois hectares originais plantando um belo jardim com água, alamedas sombrias e tabuleiros de flores. Em 1896 o filho dos Viscondes erigiu um memorial aos pais que se encontra no jardim.

Depois da morte do Visconde, em 1872, este mesmo filho, o Marquês da Praia e Monforte embelezou a casa, e o seu arquiteto apresentou um esboço ambicioso para o desenho do jardim. Incluía um canal serpentiforme, grutas, avenidas de buxo, e caminhos ladeados de laranjeiras. Existem provas escritas que um jardineiro inglês chamado Milton ou Middleton foi responsável por realizar o projeto, mas até hoje não foi encontrada mais informação sobre o jardineiro inglês.

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Novas espécies oriundas da América do Norte, da Austrália, da Nova Zelândia, da China e da África do Sul, algumas das quais ainda existem e dominam certas áreas do Parque.

No Século XIX, acumulou uma coleção de alguns milhares de espécies de árvores e outras plantas, inclusive as orquídeas. Pelo menos dois jardineiros britânicos foram contratados, P. Wallace, e em 1845, George Brown.

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O início do Século XX é marcado pela visita régia à Casa do Parque. Em junho de 1901 e a convite do Marquês da Praia e Monforte, o Rei D. Carlos I é recebido com “uma festa de Monarca para Monarca”, conforme as suas palavras de agradecimento, tendo pernoitado na Casa do Parque por uma noite. 

Após a morte dos Viscondes da Praia, o Parque Terra Nostra ficou a marcar passo e nos anos vinte do século passado estava já em estado de degradação. Em 1935 o Hotel Terra Nostra, localizado num terreno adjacente ao Parque, abriu ao público e alguns anos mais tarde toda a propriedade foi adquirida pela Sociedade Terra Nostra sob a direção de Vasco Bensaude, que era também um apaixonado pela botânica. Nessa altura foi acrescentada mais uma porção de terreno,  tendo o Parque ganho a sua atual configuração e área de 12,5 ha.

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A casa do Parque foi totalmente renovada, o tanque de água agora com água termal, foi aumentado e forrado com pedra de cantaria, o canal e os lagos foram restaurados, muitos dos caminhos foram novamente descobertos e conservados, e fizeram-se novas plantações. Os trabalhos, que se prolongaram por dois anos, foram finalmente concluídos e o Parque Terra Nostra abriu novamente ao público.

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Na década de 30, as Furnas ganharam fama como centro termal. Foi construído nesta altura o Casino, que se destinava ao entretenimento dos hóspedes do Hotel e da sociedade micaelense. No final da década começava a II Guerra Mundial, que provocou um declínio acentuado no fluxo de visitantes. Contudo, o Hotel manteve a sua elegância original e o Parque Terra Nostra foi cuidadosamente tratado.

Com a chegada dos anos 70, os encantos dos Açores e as suas paisagens luxuriantes começaram a ser descobertos.Em 1989 uma nova ala foi adicionada ao Hotel Terra Nostra, e Filipe Bensaude, filho de Vasco Bensaude, decide renovar o Jardim.

Esta renovação seria confiada ao horticultor David Sayers, que em conjunto com o silvicultor Richard Green, procedeu à recuperação do Parque, e projetando o seu desenvolvimento para o futuro. A operação foi completada no inverno de 1992/93 e uma nova geração de mais de 3000 exemplares de espécies arbóreas e arbustos foram plantados para garantir que o Parque Terra Nostra continuará a ser um local exuberante e único durante muitos anos.

 

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Hoje em dia, no Parque Terra Nostra, podemos encontrar flora endémica dos Açores, mas também inúmeras plantas nativas de países com climas completamente distintos do existente nas Furnas. Esta adaptação é possível, em muito, graças à experiência de trabalho partilhada pela equipa de jardineiros que conseguem adaptar, da forma mais ecológica possível, as condições existentes no Parque à realidade ocorrente nos países de onde as plantas são oriundas, obtendo-se assim excelentes resultados.

 

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Num parque bicentenário, encontram-se, ao longo dos vários percursos possíveis, plantas em fases de crescimento muito distintas. É possível observar árvores centenárias, inúmeras espécies de fetos, magnólias e cameleiras, e ainda os mais diversos arbustos e flores, nomeadamente as azáleas, as hydrangeas, as clívias, os jarros, da Família Araceae, e inúmeras outras espécies que contribuem com suas cores, formas e hábitos de crescimento, para que o parque seja um jardim agradável e aprazível de frequentar em qualquer altura do ano.

Nas últimas duas décadas, o parque tem vindo a enriquecer, ainda mais, o seu património botânico com a aquisição de novas espécies vegetais. Esta constante preocupação em diversificar para enriquecer a flora existente levou a que, atualmente, o parque possua grandes coleções e jardins com plantas de importante valor histórico e cultural.

 

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Novos projetos continuam em desenvolvimento de modo a garantir a conservação deste ambiente único, nomeadamente a criação de um jardim de Bambus e a criação de um lago artificial, ao ar livre, que acolherá a Victoria cruziana Orb., uma planta aquática da Família Nymphaeaceae, originária do Norte da Argentina, Paraguai, Brasil e Bolívia, que apenas sobrevive durante 48 horas.

 

Tanque de Água Termal

 

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Sempre que alguém descreve a sua viagem aos Açores, surge invariavelmente o banho no Parque Terra Nostra como um dos momentos mais especiais. De facto, a nascente de água termal que alimenta o tanque, a uma temperatura entre os 35 e 40 graus celsius proporciona uma sensação de repouso e relaxamento como poucos sítios no Mundo.

A água, carregada de minerais essenciais, é uma das melhores formas de recuperar as energias e entrar em contato com a natureza mística que preenche o Parque Terra Nostra e o Vale das Furnas, e que marca todos os que os visitam, e que fazem questão de voltar ano após ano, procurando repetir a experiência única da imersão nas águas do Tanque Termal do Parque Terra Nostra.

O ano passado o Parque sofreu um upgrade com a construção de duas novas piscinas jacuzzi de água termal, que tive o prazer de comprovar ser um verdadeiro renovador do corpo e da alma.

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Horário:

Verão
(1 Abr. a 30 Set.) 10h00 - 19h00
Inverno

(1 Out. a 31 Jan.) 10h00 - 17h00

(1 Fev. a 31 Mar.) 10h00 - 17h30
 
O preço  a pagar por uma visita a este parque único é de 6 euros para adultos e 3 euros para crianças com mais de 2 anos. De referir que uma refeição de cozido no Restaurante do Hotel Terra Nostra dá desconto na entrada do parque.

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Sete Cidades

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Para mim este é o miradouro mais bonito da ilha de São Miguel e quiçá do mundo. Fica na Mata do Canário, nas Sete Cidades. Para quem não conhece, não se encontra facilmente, porque não basta seguir as setas que dizem Sete Cidades. A caminho da Covoada, temos que estar atentos ao portão que diz Parque Florestal da Lagoa do Canário. 

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Quando se entra no Parque sentimos logo a humidade do vasto matagal de árvores e arbustos que fazem lembrar um filme da saga «Twightlight». Respira-se ar puro e só se ouvem os passarinhos. Se preferirem a caminhada pode ser feita a pé. Mas, é permitida a entrada de carros.

A Lagoa do Canário fica por entre a vegetação e pode-se mesmo chegar perto da água e ver as rãs a saltar. Neste Parque há também um parque de merendas para quem quiser fazer churrasco e passar lá um dia diferente a apreciar as maravilhas da natureza.

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Ao fundo fica o acesso para a vista mais deslumbrante de São Miguel! Convém levar calçado confortável e que não escorregue, porque a subida é inclinada e, nos dias mais húmidos, pode levar a uma boa queda. Mas, o esforço vale a pena quando chegamos ao topo da montanha, o chamado Miradouro da Grota do Inferno. Contudo não há nenhuma fotografia que consiga transmitir a real beleza daquele lugar.

 

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Neste local único é possível ter uma vista da Lagoa das Sete Cidades, da Lagoa Rasa, da Lagoa de Santiago, da Lagoa do Canário, de parte da povoação das Sete Cidades e da Serra Devassa. A uma altitude de 730 metros, vemos o mar, a montanha e as lagoas, no meio de uma vegetação natural e selvagem. No fim do caminho encontrará um pilar a evocar a Paz no Mundo.

 

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Ao sair do Parque da Lagoa do Canário, em direção às Sete Cidades, vão encontrar a Vista do Rei, esta sim a mais turística e onde se distingue verdadeiramente as duas lagoas separadas por uma estrada. A Lagoa verde e azul esconde uma lenda muito romântica. A história da princesa e do pastor no reino das Sete Cidades versa sobre a origem das lagoas da caldeira do vulcão das Sete Cidades, que apesar de unidas têm duas cores diferentes, uma verde outra azul. Esta lenda faz parte do complexo lendário das Setes Cidades, um reino antigo perdido algures no grande mar oceano acidental.

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Reza a lenda que os reis desta terra encantada tinham uma linda filha que não gostava de se sentir presa entre as muralhas do castelo e saía todos os dias para o campo. Adorava o verde e a flores, o canto dos pássaros e o mar no horizonte. Passeava-se pelas aldeias, montes e vales.

Durante um dos seus passeios pelos campos conheceu um pastor, filho de gente simples do campo que vinha do trabalho com os seus rebanhos. Conversaram quase todas as tardes sobre coisas da vida, e viram que gostavam das mesmas coisas. Dessa conversa demorada veio a nascer o amor e passaram a encontrar-se todos os dias, jurando amores eternos.

No entanto, a princesa já com o destino traçado pelos seus pais, tinha o casamento marcado com um príncipe de um reino vizinho. E quando o seu pai soube desses encontros com o pastor, tratou de os proibir, concedendo-lhes um encontro derradeiro para a despedida.

Quando os dois apaixonados se encontraram pela última vez, choraram tanto que junto aos seus pés aos poucos foram crescendo duas lagoas. Uma das lagoas, com águas de cor azul, nasceu das lágrimas derramadas pelos olhos também azuis da princesa. A outra, de cor verde, nasceu das lágrimas derramadas dos olhos também verdes do pastor. Para o futuro ficou, reza a lenda, que se os dois apaixonados não puderam viver juntos para sempre, pelo menos as lagoas nascidas das suas lágrimas ficaram juntas para sempre, jamais se separando.

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É chamada Vista do Rei pelo facto de ali terem estado, a 6 de julho de 1901, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia, ficando os dois deslumbrados com a paisagem.

Contudo, se virarmos as costas não conseguimos ficar indiferentes ao Hotel Monte Palace, outrora um empreendimento de luxo, agora abandonado num estado de degradação lamentável.

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São muitos os turistas curiosos que entram para ver o hotel por dentro. Assim que subimos a escadaria deparamo-nos com um cenário digno de um filme de terror.

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A história do Monte Palace está muito bem explicada nesta reportagem da SIC:

https://www.youtube.com/watch?v=tjkHYLNuIFw

ou aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=ZYGilA8B58U

Sempre que vamos dar um passeio às Sete Cidades, a minha filha Alice faz questão de entrar no hotel. Em casa tem um mealheiro que diz ser para juntar dinheiro para um dia comprar o hotel. Já tem projectos na sua pequena cabecinha para cada um dos quartos, para o restaurante, discoteca, etc. Não custa sonhar!

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Halloween vs Pão-por-Deus

Ontem foi noite de Halloween, uma tradição americana que ficou muito enraizada nos Açores devido aos muitos emigrantes que lá vivem. As crianças percorrem as ruas, normalmente fantasiadas dos mais variados temas, à procura de doçuras e fazendo algumas travessuras. Bruxinhas, vampiros, diabinhos, fantasmas e outras criaturas do além andam à solta nessa noite.

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Mas, existe outro costume que fiquei a conhecer quando vim viver para são Miguel, o chamado «Pão-por-deus». Por época dos Santos, as crianças, sobretudo das famílias mais humildes, percorrem as moradias da freguesia porta-a-porta para recolher as ofertas que variam dependendo das possibilidades de cada família visitada.

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Antigamente, na maioria dos casos, as pessoas davam maçarocas de milho, um cereal que numa altura em que as famílias eram muito numerosas, com 3, 4 e 5 filhos, tinha grande importância. A sua farinha era utilizada para confeccionar o pão de milho, que acompanhava um bom prato de sopa à base de feijão, couves, batata e inhame. As guloseimas eram poucas e uma peça de fruta ou uma fatia de bolo ou uma bolacha, por exemplo, já era motivo de alegria.

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Quando lhes abriam a porta, as crianças cantavam: 

«Vim bater à vossa porta, vim pedir o alimento, dai senhor uma esmola, pela alminha de quem lá tem.

Pão por Deus, pelo amor de Deus, ponha aqui na saquinha, seja tudo pelo amor de Deus.»

 

Esta tradição do Pão-por-Deus também existe em Portugal Continental, em que na manhã do dia de Todos-os-Santos, 1 de Novembro, as crianças saem em pequenos grupos e vão pedir e voltam com os sacos de panos ceios de doces, castanhas, pão, bolos e por vezes dinheiro. 

 

Hoje em dia, as crianças vêm para casa com um saco cheio de rebuçados, chocolates, chupa-chupas e outros doces que nem chegam ao Natal. A maior parte nem consegue imaginar como no tempo dos seus avós era difícil esses luxos.

 

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Em nossa casa, os preparativos do Dia das Bruxas começam cedo, com a Alice a enfeitar o seu quarto com desenhos de fantasmas, aranhas e morcegos feitos por ela própria. Depois, cabe ao pai a tarefa de preparar as abóboras com olhos e bocas assustadoras (desenhados aqui pela mãe). Abóboras trazidas da terra do avô e cultivadas com todo o carinho. Nesta altura, provam-se as queijadas, pasteís, bolos e doces de abóbora feitos por familiares e amigos. Já se começam também a pôr as primeiras castanhas no forno.

 

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Este ano os meus filhos foram mascarados de gatos pretos (mas estes só trazem sorte!). O avô acompanhou-os na tarefa de correr as portas dos vizinhos mais próximos. E não são os rebuçados e chocolates que fiquem na memória dos meus filhos, são sim estes momentos únicos passados com os avós.

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