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O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

A minha costela brasileira

Sempre disse que tenho uma costela brasileira. Sou uma pessoa de calor, sol, praia... adoro brigadeiros, água e óleo de côco, tapioca, fruta tropical, açaí, feijão preto e arroz, e muitos dos alimentos que se comem em terras de Vera Cruz.

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Ao longo da minha vida tenho feito muitas amizades com pessoas de nacionalidade brasileira. Nunca tive preconceitos em relação a isso. Como costumo dizer, não faço julgamentos antes de conhecer as pessoas. Mas, infelizmente no mundo inteiro e também no mundo do futebol, existe muito preconceito e julgamentos precipitados em relação a pessoas de nacionalidades diferentes. Já conheci africanos, chineses, brasileiros, russos, líbios, espanhóis, argentinos e muitos outros jogadores e suas esposas de países diferentes e adoro perceber como funciona a cultura deles.

Esta segunda-feira, dia 24 de Outubro, comemora-se o Dia Muncial para a Igualdade, por isso ressalvo neste post a importância de todos os cidadãos do mundo serem tratados da mesma forma, sem diferença de género, raça, orientação sexual ou status social. Na cidade onde vivo (Lagoa, São Miguel) será feita uma caminhada nesse dia e será formado um cordão humano alusivo a este tema.

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Nunca vivi no estrangeiro, mas já tive que fazer as malas para sítios completamente desconhecidos para mim e sempre dei muito valor às pessoas que nos ajudaram, a mim e à família. Quando posso, tento fazer o mesmo pelos outros. Principalmente aqui numa ilha, quando os jogadores, tanto portugueses como estrangeiros, caem de pára-quedas no início da época, tanto eu como o meu marido tentamos ajudá-los na sua integração e no que pudermos, porque gostávamos que fizessem o mesmo por nós.

 

Mas, isto tudo para dizer que ao longo da vida fui tomando contato com várias culturas e sempre fui uma pessoa de gostar de experimentar coisas novas e curiosa em relação aos seus costumes. Foi uma amiga brasileira que me ensinou, pela primeira vez, a fazer uma «torta de liquidificadora», brigadeiros e quindins, bolo de fubá e coxinhas de galinha.

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Até o cachoro quente à brasileira é diferente. As salsichas são cortadas às rodelas e feito um refugado na panela com molho de tomate, a qual se pode acrescentar milho, azeitonas e muitos outros ingredientes. Coloca-se, então, esse cozinhado com salsichas e molho no pão e cobre-se com batata palha. 

O açaí é uma fruta rica em proteínas, fibras, lípidos, vitaminas B e C, fósforo, ferro e cálcio. Tem uma série de benefícios para a saúde, nomeadamente na diminuição do colesteral, prevenção do cancro e na manutenção de um coração saudável. Tem efeitos anti-oxidantes e anti-inflamatórios e ajuda no sistema imunológico. O sabor é estranho, ou se adora ou se odeia. Eu ADORO!

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O óleo de côco está na moda e tem várias funcionalidades e benefícios para a saúde. Eu utilizo para substituir o açúcar no café e nalgumas receitas de bolos e panquecas por exemplo. Utilizo para substituir a manteiga, margarina, óleo e azeite quando cozinho alguma coisa na frigideira ou na panela, e para untar formas de bolos.

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Uso o óleo de côco também para efeitos cosméticos, para branquear os dentes ou amaciar as pontas do cabelo. Apesar do fato de que por muitos anos foi considerado uma gordura “ruim”, devido ao seu alto teor de gordura saturada. Verifica-se agora que a gordura saturada do óleo de coco, particularmente o óleo de côco virgem, não é a mesma gordura saturada que existem em outros tipos de óleos. Ele contém os ácidos gordos de cadeia média que são muito mais fáceis para o corpo do que os ácidos gordos de cadeia longa, encontrada em muitos outros óleos de cozinha. Ele também contém vários compostos que são bons para sua saúde, incluindo o ácido caprílico, ácido cáprico e ácido láurico. Muitas marcas processaram o óleo por suas altas temperaturas, que remove alguns dos benefícios que estão disponíveis.Todos os primeiros estudos que encontraram efeitos negativos do óleo de coco sobre os níveis de colesterol, foram feitos com óleo de coco parcialmente hidrogenado, enquanto que o óleo de coco virgem não processado, parece ter efeitos positivos para a saúde. Aqui estão os 10 benefícios do óleo de coco virgem para saúde: http://www.saudedica.com.br/os-10-beneficios-do-oleo-de-coco-virgem-para-saude/ .

 

Neste blog da Vanessa Martins podem ver um artigo sobre os usos do Óleo de Côco: http://frederica.sapo.pt/2016/09/5-usos-de-oleo-de-coco/

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Quanto à tapioca foi amor à primeira vista. Comecei a ouvir falar muito na tapioca no «café da manhã» de algumas amigas brasileiras e também nalguns blogues de figuras públicas que acompanho. E tive curiosidade para provar. Costumo rechear com ovos mexidos, abacate, manteiga de amendoim, banana, doce de frutos vermelhos, mas existe uma infinidade de alimentos que se podem utilizar para comer com a tapioca. Existe também a crepioca, que é uma espécie de panqueca mas mais saudável, que leva apenas a farinha de tapioca e um ovo. 

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Para terminar, uma das minhas viagens de sonho sempre foi ir ao Rio de Janeiro. Já fui a Salvador da Baia, e adorei. Mas, o meu sonho mesmo é conhecer ao vivo, nas minhas Havaianas, aquelas praias de Ipanema e Copacabana, ir ao Cristo Redentor e beber uma água de côco no Calçadão.

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Coragem de Criança

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Este post é sobre o poder que as crianças têm de nos surpreender. Com poucos anos de vida são capazes de nos dar verdadeiras lições de vida. A minha Alice mostrou ser uma corajosa logo nos primeiros dias de vida. O seu nascimento foi complicado, obrigando a uma cesariana de emergência com sofrimento fetal.

A minha princesa foi reanimada e entubada logo nos primeiros minutos de vida. Com um índice de Apgar de 1-9, foi um milagre hoje em dia ser uma menina inteligente e saudável. Um bebé de apenas 2 kg que nasceu com uma força de vontade e hoje é uma menina linda de 7 anos que encanta todos os que a conhecem.

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A minha Alice no País das Maravilhas sempre foi muito curiosa e tagarela, mas ao mesmo tempo muito delicada e cuidadosa. Mas como uma criança destemida e aventureira, sofreu uma queda o mês passado, numa brincadeira tola no seu próprio quarto. Aos pulos na cama, com uma bola à mistura, só ela é que sabe como foi para ao chão. O que é certo é que o acidente terminou com um braço partido na zona do ombro, num osso chamado úmero.

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A minha primeira reação foi ralhar com ela com a célebre frase «eu avisei-te». Mas depois de ela voltar do hospital toda ligada e com as lágrimas nos olhos fiquei com o coração partido. Mas, a Alice não é uma criança de baixar os braços ou de ficar durante mutio tempo desanimada. Rapidamente colocou um sorriso na cara e encarou a situação com otimismo.

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No dia seguinte foi para a escola, avisámos a professora do que tinha acontecido e, como foi o braço direito, explicámos que ela não ia conseguir escrever mas que enviasse os TPCs na mesmo que eu ajudaria a fazer. Qual não foi o meu espanto no final do dia quando voltou para casa e a Alice já escrevia com a mão esquerda. A professora disse que se fosse outra acomodava-se e ficava na preguiça sem fazer nada. Mas a minha A. não é assim, deram-lhe um obstáculo e ela arranjou maneira de ultrapassá-lo.

 Não é uma Alice qualquer, é a Alice do meu país das maravilhas, destemida e corajosa!

 

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Hoje, é o dia dos anos do pai e a Alice fez questão de lhe preparar uma surpresa, pintando com a mão esquerda uma caixa de madeira para lhe oferecer. E, estes sim são os presentes mais valiosos que podemos receber!

Mãos de Barro

Na Lagoa, São Miguel, existe uma fábrica de cerâmica com mais de 150 anos de existência. Esta arte existe desde a era do neolítico, idade da pedra polida, e as peças mais antigas que foram encontradas por arqueólogos remontam a 24,500 a.C. Recentemente, quando procurava um presente para oferecer numas bodas de ouro, ocorreu-me visitar a Cerâmica Vieira. Trata-se de um ex-libris do concelho e de toda a ilha, recebendo todos os dias turistas que podem assistir ao nascer de verdadeiras obras de arte. Fundada em 1862, esta fábrica tem-se mantido na mesma família há cinco gerações.

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Situa-se numa das ruas principais da freguesia de Nossa Senhora do Rosário (Rua das Alminhas), e tem o estatuto de Museu. Este é constituído por uma colecção de faiança produzida nas antigas indústrias da Vila da Lagoa. O atual proprietário, José Augusto Martins Vieira & Filhos, proporciona a possibilidade de visitar a fábrica em laboração, podendo adquirir peças fabricadas no local.

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Os visitantes podem acompanhar o processo de confeção de louça e azulejos. Nas instalações da fábrica são produzidas peças de louça predominantemente feitas na roda de oleiro e azulejos pintados manualmente, utilizando decorações caraterísticas onde o azul é a cor dominante.

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O processo de fabrico artesanal é mantido desde os primórdios da fábrica e a decoração e os desenhos são deixados ao critério artístico dos artesãos. Dentro das instalações há uma loja onde podem ser adquiridos os produtos denominados de «Louça da Lagoa».

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A cerâmica Vieira estabeleceu-se nos seus primórdios na tranquila baía do Porto dos Carneiros, onde as embarcações vinham descarregar as bolas de barros da ilha de Santa Maria. Estas eram de um material acizentado, que posteriormente era misturado com areia e barro do continente para o fabrico de louça. O sucesso da Cerâmica Vieira ficou desde logo consolidado.

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Em 1888, esta indústria foi premiada com a medalha de cobre na Exposição Industrial Portuguesa de Lisboa. O modo de fabrico da louça manteve-se praticamente inalterável desde o tempo dos primeiros colonos de São Miguel. Tudo era feito à mão com o barro trazido de Santa Maria, posteriormente amolecido com água, e amassado com os pés no barreiro, onde as impurezas eram filtradas com um peneiro, pasando por outros tanques, onde era ainda mais apurado através da técnica de baldeação.

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A fase seguinte era juntar as aparas que restavam das rodas dos oleiros e passar para a fase da secagem, na qual o barro era atirado às paredes de tijolo do pátio, de modo a que fosse excluída do material quase toda a água. O barro passava então para o laminador, cilindro de ferro com palhetas movida por um eixo de ferro vertical, onde ia sendo aperfeiçoada a sua textura, até ser conseguida uma massa moldável e homogénea.

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Quando o barro estava finalmente pronto era levado em forma de bolas pelos aprendizes, em quantidades certas para o tipo de louça que iria ser confecionada. Essas bolas eram colocadas sobre as «alpiocas», massa de barro que servia de torno aos oleiros. Estes, por sua vez, faziam girar o pá da sua roda e aí começava o processo criativo. Da roda saíam as peças ainda não completamente moldadas. Era necessário que passassem depois pelo «fretamento», um aperfeiçoamento com auxílio de uma faca de vários gumes, feita de aros de pipa.

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Havia, então, que fazer a secagem das peças ao sol e levá-las depois ao forno. A cozedura da louça levava cerca de oito dias, em fornos antigos a lenha. Quando a louça estava cozida, era necessário vidrá-la com um líquido acizentado e pastoso. Depois, era preciso secar. Novamente de regresso às mãos criativas dos artesãos, a louça era pintada manualmente nos «tornitos», discos de rotação onde era preparada para se tornar numa bela peça de decoração. O mais extraordinário em todo este processo é o facto de se manter inalterado após tantos séculos.

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Apesar da modernização da maquinaria com a qual se trabalha a louça, o que torna o processo mais rápico, continuam a ser os artesãos quem determina a qualidade do trabalho. A fábrica de Cerâmica Vieira que hoje se conhece é o resultado da fusão entre a primeira, fundada no Porto dos Carneiros, e a segunda, nas Alminhas.

Cabe ao artista João Alberto Simões Rego, há mais de 30 anos, a pintura dos grandes murais, das paisagens, dos retratos e da estatuária.

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Além da louça, esta fábrica produz ainda azulejos moldados e pintados à mão. A telha e os tijolos são fabricados no Porto dos Carneiros, enquanto a louça vidrada é feita nas Alminhas. O atual proprietário, António José da Silva Martins Vieira, natural da Lagoa, pertence à quinta geração de descendentes do fundador da fábrica, um dos mais interessantes pontos de atração dos Açores.

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Telefone: 296 912 116    Horários Inverno: Dias úteis: das 8h às 12h e das 13h às 17h. Sábado: das 9h às 12h45. Verão: Dias úteis: das 9h às 12h e das 13h às 18h Sábados: das 9h às 12h45.

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Nos seus primórdios a fábrica teve como proprietário João Leite de Bettencourt que foi também autarca da Lagoa. Quem quiser conhecer um pouco mais da sua história, encontra-se patente, na Casa da Cultura Carlos César, a exposição «Homenagem do Centenário do Nascimento de João Leite de Bettencourt» até 10 de Novembro, onde está retratada a sua vida como homem, autarca, químico e industrial. Nela estão expostas algumas peças da Cerâmica Leite.

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Lagoa de Mil Encantos

A ilha de São Miguel tem uma beleza natural sem igual. As suas lagoas são uma das 7 Maravilhas do Mundo. Para mim, a Lagoa do Fogo, é a mais bonita. Situada na cratera do maciço vulcânico da Serra de Água de Pau, é uma das maiores lagoas dos Açores e a seguna maior de São Miguel. Em 1974 foi classificada como reserva natural.

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Quando vi a Lagoa do Fogo pela primeira vez, há 10 anos atrás, fiquei completamente deslumbrada. Depois de fazer uma subida vertiginosa desde a cidade da Lagoa, quando paramos no primeiro miradouro, a vista é de cortar a respiração. É impossível ficar indeferente a tamanha beleza da Natureza. Em baixo a foto que tirei em 2007.

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 A cor da Lagoa muda conforme o céu. Se o dia estiver escuro e nublado, a lagoa fica num no tom verde azicentado. Se o céu estiver limpo e o sol a brilhar, torna-se de um azul turquesa lindo e profundo. Nem sempre é fácil ver a Lagoa do Fogo, principalmente no inverno, porque as nuvens cobrem muitas vezes a serra e se não avistarmos as antenas é sinal que, provavelmente, não vamos conseguir ver a Lagoa. Fica aqui a dica para quem vier visitar a ilha.

Esta foi tirada em 2010:

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Depois de chegarmos ao topo e depararmo-nos com esta beleza natural, a vista vai ficando ainda mais bonita conforme vamos descendo e paramos nos miradouros seguintes e a Lagoa se vai aproximando cada vez mais. Os diversos tons de verde que envolvem a lagoa, tornam esta caldeira vulcânica única. Numa das margens consegue-se vislumbrar uma língua de areia que nos deixa com vontade de descer até lá. Um dia também eu me vou aventurar e descer o trilho pedestre e sentir a água daquela lagoa mágica. 

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Estas foram tiradas há poucos dias, num dia com o céu cheio de nuvens. A Lagoa não fica tão azul, mas continua linda.

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O vulcão do Fogo é o mais jovem da ilha de São Miguel e foi formado há cerca de 15000 anos atrás. É resultado do último colapso, tido como importante e que ocorreu no topo do vulcão, há aproximadamente 5 mil anos. A última erupção data de 1563. Quando recebemos a visita de amigos e familares é dos primeiros sítios que gostamos de mostrar. E aproveitamos para visitar a Caldeira Velha quando descemos da Lagoa em direção à Ribeira Grande.

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A cascata de água quente férrea convida a banhos (27º). Nas minhas primeiras visitas a São Miguel este lugar era mais virgem e pouco explorado. Não se pagava e era fácil de estacionar. Desde que as companhias low cost invadiram a ilha,o parque está cheio praticamente todos os dias da semana e é difícil estacionar. Mas também tem mais condições e existe agora o Centro de Interpretação Ambiental da Caldeira Velha e uma nova piscina de água férrea a 38º C. 

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A Caldeira Velha é uma área protegida classificado como Monumento Natural do Parque Natural de São Miguel e está identificada como um Geossítio do Geoparque Açores, Geoparque Mundial da UNESCO. Poderá também fazer um percurso pedestre, com cerca de 320 m (de inclinação elevada) até à nascente termal da Caldeira Velha. Por motivos de segurança e por medidas de conservação da natureza, o trilho da nascente apenas pode ser feito mediante o acompanhamento de um técnico do Centro de Interpretação Ambiental, em grupos organizados de no máximo 10 pessoas, num horário pré-definido: 9:30, 11:30, 14:00, 16:00, 18:00 e 19:00.

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Partidas e Chegadas

Sempre me fascinou o mundo do aeroporto e todas as emoções que se vivem lá dentro. Não é que já tivesse viajado muito mas passo a vida no aeroporto devido às deslocações profissionais do meu marido e adoro assistir a todos os encontros e despedidas, lágrimas e sorrisos que implicam uma partida e uma chegada.

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Na minha vida já tive que fazer muitas despedidas, de muitos amigos que fui fazendo nos sítios por onde passei e de familiares que emigraram para longe. Nunca lidei muito bem com despedidas e as lágrimas caem-me facilmente pela cara quando tenho que dizer adeus a alguém. Talvez por ser uma pessoa muito sentimental ou por me apegar demasiado às pessoas. Não consigo controlar o choro quando sinto injustiças ou até mesmo quando vejo alguém chorar.

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Devido à vida de «ciganos» que levo com a minha família, tivémos que nos despedir muitas vezes da nossa família, no Algarve e nos Açores, ficando sempre com um sentimento enorme de saudade. Cada visita de um amigo ou familiar ao sítio onde estamos é vivido ao máximo, mas na hora das despedidas no aeroporto fica uma dor no coração. No nosso início de vida em conjunto, quando os meus sogros nos visitavam, por exemplo, ficavam sempre as lágrimas nos olhos na partida. Quando nasceram os «netinhos» as despedidas começaram a ser ainda mais duras.

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 A Alice quando era mais pequenina não se despedia de ninguém, nem que fosse um até já. Talvez no seu subconsciente pensasse sempre que nunca mais ia ver aquela pessoa.Nunca dava beijinhos nem um adeus. Quando finalmente nos começávamos a afeiçoar às pessoas, tínhamos que partir para outra localidade e aí começavam as despedidas.

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Os aeroportos são lugares de fortes emoções – alegrias e tristezas – separadas pelos lugares de partidas e chegadas. Nas chegadas há a alegria dos que regressam para junto das suas famílias e amigos. São os locais onde aqueles que esperam estão ansiosos, inquietantes, observadores do céu até o avião aterrar. As alegrias, os festejos, os sorrisos, os abraços, os beijos e as lágrimas de alegria.

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O sítio das partidas aperta o coração, ficamos com um nó na garganta só de assistir às despedidas. Nas partidas os minutos passam rápido, como se o tempo ali fosse diferente dos outros sítios. Tenta-se adiar a despedida, mas o tempo obriga ao último abraço, ao último beijo, como se fosse a despedida definitiva de familiares e amigos.

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Normalmente não sou eu que levo o meu marido, quando tem que viajar com a equipa, as despedidas são feitas em casa, mas gosto de ir buscá-lo. Enquanto estou à espera gosto de observar todas as emoções que se passam naquele lugar. Gosto de levar a Alice e o Tomás para ir buscar o pai, de sentir o alívio da sua chegada, e de ver a sua cara de felicidade ao abraçar os filhos quando pisa terra firme, às vezes depois de uma viagem conturbada, de um jogo difícil ou de um resultado amargo. 

Talvez os aeroportos sejam os locais mais emotivos a par dos locais sagrados ou daqueles em que se faz a despedida definitiva, para uma viagem em direção a outro lugar que não aquele que pisamos...

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Cartas de amor

Hoje percebi que estou a ficar velha quando cheguei a casa e a minha filha de 7 anos me disse que tinha recebido uma carta de amor. Mais do que ficar espantada por a Alice ter um admirador, lembrei-me quão raro é, hoje em dia, quem escreva à mão para demonstrar o seu amor ou simplesmente use os correios para comunicar com os amigos e família. O mundo evoluíu e as novas tecnologias trouxeram coisas boas, mas também levaram o romantismo de uma boa carta de amor.

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Comentei este assunto, por acaso, esta semana com a minha colega de trabalho. Lembrei-me que com o mundo da internet, se perdeu o hábito de enviar cartas. Felizmente, eu nunca perdi esse hábito e adoro enviar cartas a desejar feliz aniversário e postais de natal aos meus que estão longe. E, principalmente no Dia da Mãe, adoro pôr a minha mãe emocionada escrevendo-lhe as cartas a dedicar o meu amor por ela. Assim como no Dia do Namorados ainda gosto de comprar um postal cheio de corações e escrever o que me vai na alma.

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Hoje, quando chego a casa, depois do trabalho, a Alice toda envergonhada puxou-me para o seu quarto e disse "Tenho uma coisa para te contar. Recebi uma carta de amor mãe!". Foi aí que parei e pensei "Meu Deus, estou a ficar velha...".

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O mais curioso no meio disto tudo é o fato destas cartas de amor, mais do que uma amizade, significarem a descoberta de um novo mundo. Quando as crianças aprendem a ler e escrever, desperta-lhes uma necessidade de exprimir os seus sentimentos e é tão bonito vê-los a transmiti-lo em bilhetinhos e cartas de amor.

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A verdade é que me faz alguma confusão as coisas digitais que ficam perdidas no computador, no email ou algures no mundo virtual. O mesmo se passa com as fotografias que desde que se tornaram digitais, é certo que tiramos muito mais, mas acabam por se perder algures no tempo. Ainda sou do tempo em que ficava impaciente quando acabava o rolo da máquina fotográfica e tinha que esperar que as fotos fossem reveladas para finalmente vê-las.

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De vez em quando, gosto de tirar um tempo e fazer uma escolha das fotografias que tenho tirado nos últimos tempos e revelar as que mais gosto. Até as fotografias do meu casamento (que hoje em dia a maior parte das pessoas fazem albúns digitais) fiz questão que fossem reveladas em papel de fotografia, porque gosto de pegar no album e sentir o registo desses momentos. únicos.

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Os livros e jornais são outros exemplos de materiais que passaram a estar acessíveis online, mas eu continuo a preferir lê-los no seu aspecto original, folhear as páginas e sentir o cheiro a gráfica, mesmo que para isso tenha que ficar com os dedos sujos de tinta.

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O mesmo se passa com os blogs, que são nada mais nada menos do que diários públicos em modo virtual. Eu também tenho o meu, mas, acreditem ou não, tenho tudo o que escrevo aqui escrito num caderno que guardo no fundo da gaveta;)