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O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

Bodas de Ouro

Um casamento com 50 anos é algo raro hoje em dia. Ontem assisti pela primeira a uma cerimónia de Bodas de Ouro e fiquei emocionada, porque não é todos os dias que se vê comemorar a união e amor de duas pessoas passado meio século. Adorava um dia poder comemorar o mesmo.

 

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É verdadeiramente enternecedor ver um casal, na sua casa dos 70, voltar a trocar alianças e juras de amor e fidelidade. Claro que não com o mesmo nervosismo de quem vai começar uma vida em comum, mas com a cumplicidade de alguém que está orgulhoso da família que construiu.

 

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Acredito que tenham vivido muitos momentos felizes, que tenham muitas histórias para contar aos seus netos, mas também acredito que tenham passado por muitos obstáculos e dificuldades. Mas é mesmo disso que é feito um casamento. Quando trocamos juras de amor, não são meras palavras. Acredito que o verdadeiro amor é mesmo aquele que é ultrapassado em conjunto «na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe».

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O casamento é um pacto que deve ser eterno, contudo vê-se cada vez menos casais com relacionamentos longose duradouros. As bodas de ouro são mais do que uma simples data, são a prova de que o amor pode sim ser eterno, fiel, leal e sempre resistir aos problemas.

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Nos dias de hoje, nem todos os casais casam pela igreja e na conservatória, são muitos os que juntam apenas os trapinhos e vivem em união formando a sua família. Isso para mim é igual. Optei por casar a civil e passado um ano, porque batizei a minha filha, obtive a benção do meu casamento. Mas, para mim, o que conta mesmo foi o dia em que deixei tudo para trás e fui viver uma vida em comum com o meu marido e comecei a partilhar com ele tudo. São apenas 8 anos, mas já passámos por muitos momentos bons e alguns difíceis. Mas, o que gostava mesmo um dia era de ao final de 50 anos estarmos juntos com saúde e a viver o mesmo amor!

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Golfinhos e baleias como vizinhos

A primeira vez que vi um golfinho ao vivo foi no «meu» Algarve, no conhecido parque aquático Zoomarine. Não posso dizer que sou uma daquelas pessoas fascinadas pelo ser que é o golfinho, mas realmente quando ficamos a conhecer mais acerca desse mamífero inteligente e amistoso ficamos rendidos. Mas, sempre tive uma certa repugna pela forma como os seres humanos gostam de enjaular os animais para pô-los em exposição. Sou completamente contra circos que utilizam animais como escravos para entretenimento. Para mim, a forma mais linda de se conhecer os animais é no seu habitat natural. E, nos Açores, onde vivo neste momento, é possível fazer isso.

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São várias as empresas que fazem observação de cetáceos na ilha de São Miguel. Eu escolhi a Futurismo (www.futurismo.pt), que tem um leque alargado de opções, sendo possível embarcar num barco de borracha e avistar golfinhos e baleias mais de perto. Já optei por esta aventura há uns anos quando estive cá de férias com as minhas irmãs e alguns amigos. Ou, como fiz agora como uma espécie de despedida das férias de Verão para a minha filha, num catamaran.

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O passeio começou com uma breve explicação pelos biólogos da empresa sobre as espécies de cetáceos que podem ser observadas, as medidas de segurança a bordo, como respeitamos os animais e quais as regras de observação no mar, e alguns dados de cariz histórico.

 

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O nosso catamaran partiu da marina das Portas do Mar,em Ponta Delgada, em direção ao lado direito da ilha até à zona dos Mosteiros. Com um dia lindo de sol e o mar calmo, a viagem foi tranquila, com a Alice a adormecer num dos puffs disponibilizados pela empresa. Eu, curiosa como sempre, meti logo conversa com uma das biólogas e tirei as minhas dúvidas,e mais tarde foi ela que ao ouvido me disse «acorde a Alice que dentro de poucos momentos vamos ver dois cachalotes». E assim o fiz, primeiro avistámos uma tartaruga a nadar calma e descontraída, depois ao fundo começamos a ver um repuxo no horizonte. Eram dois cachalotes que vinham respirar ao de cima da água. O barco não se aproxima nunca muito para não assustar os animais e acima de tudo respeitá-los.

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Após o primeiro impacto que deixou todos deslumbrados, partimos à procura de mais uma família desses mamíferos que habitam ao largo dos Açores, que os vigias observaram e informaram o comandante do barco. Pouco depois, aproximámo-nos de um barco de borracha de outra empresa e conseguimos distinguir no meio do azul dos mar vários cachalotes, as mães e as suas crias. Tentamos captar com fotografando o mais rápidopossível, mas sem uma máquina profissional não é fácil. Nada como registar o momento bem no fundo da nossa memória para recordar para sempre!

 

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 A Alice adorou a experiência, mas no regresso a Ponta Delgada teve sempre na esperança de encontrar golfinhos. Não tivémos essa sorte, mas a bióloga explicou que fomos uns sortudos em ter visto tantos cachalotes e que os golfinhos nesse dia estavam tímidos. Segundo nos explicou mais tarde, a verdade é que cada vez têm avistado menos golfinhos ao largo dos Açores e que isso se deve sobretudo aos pescadores que ilegalmente têm apanhado muito do seu sustento.

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 A viagem terminou na loja da empresa situada nas Portas do Mar, onde nos convidaram a degustar um chá verde da Gorreana. A Alice adora chá e, por isso, adorou essa parte. Claro quis levar depois uma lembrança da loja. Escolheu uma tartaruga de peluche e um golfinho para o irmão. Tenho a certeza que não se vai esquecer deste dia tão cedo!

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 A Futurismo realiza saidas durante todo o ano. Por isso, se viverem em São Miguel, se preferem evitar os meses mais atarefados e se não são fãs de temperaturas quentes, ou se nos vierem visitar durante os meses de Inverno, é sempre possível realizar estes passeios de barco e avistar pelo menos 4 espécies, os golfinhos comum e de risso, o roaz e o cachalote, que são residentes.

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 Talvez voltemos na Primavera para tentar a sorte e ver golfinhos e outras espécies de baleias. Durante este periodo existem muitas baleias, azuis e sardinheiras, a passar nos Açores na sua migração anual. Ocasionamente é possivel ter avistamentos da baleia anã e de bossa, embora não tão comuns quanto as outras baleias de barbas. Se tiver sorte e avistar cachalotes, pode apanhar um autêntico postal dos Açores — a célebre cauda fora do mar. “Costumamos dizer aos nossos clientes que é o momento da fotografia mas também do adeus, porque significa que o cachalote está a arquear a cauda para fazer um mergulho profundo”, diz o biólogo. “Descem para caçar e ficam lá em baixo cerca de 50 minutos.” 

 

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 A história negra dos baleeiros açoreanos

 

É verdade que os açoreanos têm um passado como baleeiros. Enfrentar o maior animal do mundo em pequenos botes foi aventura de ilhéus valentes dos Açores. Essa história impressiona-me imenso, mais ainda sabendo que, por exemplo entre 1896 e 1949, foram ali mortas 12 mil baleias. Por outro lado, é de dar a valor a estes homens que desafiavam a morte para garantir a sua sobrevivência e da sua família.

 

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 Muitos foram os camponeneses açoreanos que tiveram de ir para o mar ganhar o seu sustento. Com arpões e orações, deram caça às baleias durante décadas. Numa reportagem feita há uns anos na RTP é possivel sabermos mais acerca da tradição baleeira dos Açores (http://ensina.rtp.pt/artigo/baleeiros-acorianos-a-historia-que-nao-se-repete/).

«Esta história insular da caça às baleias começou em finais do século XVIII, quando navios baleeiros da Nova Inglaterra recrutavam nas ilhas, tripulação para as suas longas campanhas. Muitos portugueses partiam nos barcos; uns regressavam a casa, outros faziam casa no outro lado do atlântico, na costa leste dos Estados Unidos da América, que assim ficou durante muitas décadas destino de emigração dos açorianos.Os ilhéus, muitos apenas rapazes com 13 e 14 anos, tinham coragem, olhos de falcão e a mestria de grandes caçadores. A bordo desses  baleeiros americanos, apuraram técnicas, aprenderam a derreter a carne que era transformada em óleo, a retirar das enormes cabeças o espermacete. Conhecimentos que puseram em prática nas ilhas, a partir de 1864», segundo se pode ler na reportagem.

O último cachalote a ser morto nos Açores foi em 1987, quando foi proibida a caça comercial deste grande mamífero. No ano em que entrou para a CEE, Portugal foi dos primeiros países a acabar com a barbárie que era a matança das baleias. A perseguição que hoje se faz não é para matar mas para observar os cetáceos, que fazem dos Açores passagem obrigatória na rota de migração. É com esta nova e ecológica atividade que as ilhas atraem mais turismo e fazem milhões de euros todos os anos.

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Principalmente ao largo da ilha do Pico, é possível avistar vários tipos de baleias em migração. «Para começar, a comida, que um animal de tal tamanho alimenta-se também pela boca e, em viagens longas, é preciso saber onde se come bem. Acontece que o principal alimento das baleias, um pequeno crustáceo altamente calórico, o krill, é abundante nestas águas e, por isso, pode ser uma zona unicamente de alimentação. Com  a barriga cheia, ganham forças para continuar a navegar, e tudo o que comem em excesso é armazenado como gordura para queimar no caminho. Ou então os Açores são um ponto de orientação, uma referência no mapa migratório, para não se desorientarem ou perderem. Talvez não haja um motivo apenas, mas uma conjugação de fatores que conduz  os animais a estas paragens, onde, para além da baleia-azul, as espécies mais avistadas são a baleia comum (balaenoptera physalus) e a baleia-sardinheira (balaenoptera borealis)», de acordo com outra reportagem feita pela RTP.

 

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O Primeiro Dia

O dia 7 de Setembro de 2010 foi o primeiro dia de escola (creche) da minha Alice. Tenho esse dia muito bem registado na minha memória. Ainda tenho fotografias dela em Oliveira de Azeméis a sair de casa com a sua mochila às costas pronta para uma nova aventura.

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O que ela não sabia, nos seus inocentes 16 meses, era que ia ficar longe dos pais. Deixei-a na sala com a nova educadora e assim que sai de lá, ouvi-a chorar e as lágrimas correram-me pela cara abaixo. Depois de almoçar fui buscá-la para não ser muito grande o choque logo nos primeiros dias. Como não estava a trabalhar na altura tinha a possibilidade de fazer isso. Então, a primeira manhã tinha sido um pouco dura. A Alice não quis almoçar nem dormir a sesta.

No segundo dia, lá a deixámos de novo e voltámos para casa com aquele aperto no coração, mas ao mesmo tempo com a certeza que ela se iria habituar e com o passar do tempo iria gostar daquele novo sítio. Nesse dia só fui buscá-la às 16 horas e quando cheguei estava a chorar. Soube tão bem vê-la a correr para os meus braços e reconfortá-la. Ao terceiro dia, quando cheguei à sua sala estava super bem disposta, mas quando viu a «mamã» e o «papá»  começou a chorar...

Enfim, os primeiros 15 dias foram dolorosos, mas penso que o foram mais para nós pais do que para ela. Percebemos, depois, que a melhor estratégia era o pai ir levá-la à creche de manhã, porque ele tinha o dom de conseguir deixá-la, dizer adeus e virar as costas sem fraquejar. A parte boa de ir buscá-la ficava a meu cargo.

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O primeiro ano de escolinha acabou por passar rápido e correr muito bem. A Alice fez novos amigos, adorava a educadora e as auxiliares e evoluiu imenso, principalmente no falar e na interação com outras pessoas.

Sabe tão bem nas datas especiais trazermos para casa um miminho feito por eles e ir guardando no nosso baú das recordações para sempre! As primeiras festas de natal, o dia do pai e da mãe, a primeira festa de encerramento do ano lectivo. Tudo tem um sabor especial!

 

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Mas, a Alice com apenas 6 anos, já tinha passado por cinco escolas diferentes. Começando por Oliveira de Azeméis, passando por Arouca, Chaves e Loulé, e terminando na Lagoa, São Miguel, onde está até hoje. É impressionante a capacidade de adaptação que teve para passar de um ambiente para outro com a maior naturalidade. Gostou de todas as salas onde esteve, guarda com carinho cada professora e auxiliar que a acolheu e, ainda hoje, se lembra do seu primeiro namorado, o Afonso.

O primeiro dia de escola dos crescidos foi o ano passado. A escola era a mesma do pré-escolar, os coleguinhas quase os mesmos, a sala era só subir as escadas, a professora é que era nova. Simpática, meiga e atenciosa logo cativou a Alice. O 1º ano é cheio de desafios, aprender a ler e fazer contas são tudo novidades para cabecinhas tão pequeninas. Mas, correu tudo bem, conforme o previsto e sem percalços. A Alice já conhece as letras e os números todos e já consegue ler os seus livros de histórias de fadas e princesas que tanto gosta.

Chega agora um novo desafio, o 2º ano, que dizem ser mais puxado e uma verdadeira prova de fogo. Hoje, dia 14 de Setembro de 2016, deixei-a na porta da escola com a sua nova mochila, que ela própria escolheu. A Alice estava ansiosa por voltar a encontrar os seus amiguinhos e preparada para aprender coisas novas. A mãe continua com o mesmo aperto no coração como da primeira vez.

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 Já agora li há poucos dias um artigo interessante sobre «6 Dicas para Escolher a Mochila Escolar», no site http://www.olhepelassuascostas.com:

 

6 Dicas para escolher a mochila escolar

  1. A mochila deve ter alças largas, almofadas e ajustáveis.
  2. A mochila deve ter um cinto ajustável na cintura para ajudar a distribuir o peso.
  3. As costas da mochila devem ser almofadadas e devem estar o mais próximo possível das costas da criança.
  4. O tamanho da mochila deve ser do tamanho das costas da criança/jovem. Depois de colocada, a parte superior deve ficar imediatamente abaixo do pescoço e a parte inferior ao nível da cintura. Não se deve carregar a mochila num só ombro.
    A mochila com rodinhas deve ser utilizada em crianças que façam percursos longos a pé. Mesmo nestas mochilas é preciso ter atenção ao tamanho do cabo que puxa a mochila (a angulação do braço da criança para puxar a mochila não deve exceder os 30º).
  5. Na altura de arrumar os livros, o material escolar mais pesado deve ficar junto à coluna.
  6. O peso da mochila carregada com o material não deve ultrapassar os 10% de peso corporal.

Receitas com gosto açoreano

A pedido de várias pessoas no blog, e não só, venho iniciar hoje uma rubrica de receitas açoreanas. O Arquipélago dos Açores é muito rico em gastronomia, com várias influências, e muito diversificado de ilha para ilha. Em São Miguel, por exemplo, é conhecido o típico Cozido das Furnas, os bolos lêvedos, a massa sovada, o arroz de lapas, os torresmos de molho de fígado, os chicharros recheados, o bife regional, o queijo branco com pimenta da terra, as sopas do Espírito Santo e as malassadas. Estes são apenas alguns dos pratos e doces que já conheci desde a primeira vez que visitei os Açores. Algumas das receitas que vos vou apresentar foram confeccionadas pela minha sogra, com um condimento muito especial, o amor com que cozinha para todos.

 

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Começo por vos falar do Cozido das Furnas, que mais do que um simples cozido à portuguesa, envolve uma preparação única e tem outro sabor se saboreado entre as árvores da Lagoa do Vale das Furnas, concelho da Povoação. Nas primeiras férias que vim a São Miguel, a família do meu marido fez questão de preparar um cozido. Assisti impávida a toda a preparação, na noite anterior, numa panela de grandes dimensões. Depois de cortar todas as carnes e legumes, a minha sogra começou a colocar por uma ordem lógica cada ingrediente. Os que levam mais tempo a cozinhar no fundo da panela e os que cozem mais rápido em cima. Os enchidos são embrulhados em papel de alumínio, para que deste modo não se desfaçam e não se misturem com as restantes carnes do cozido. A panela é, depois, enrolada numa toalha para que o calor se mantenha e amarrada com um cordel (esta tarefa fica sempre a cargo do meu sogro). O mais espantoso é que o cozido leva apenas sal grosso e nada de água. No dia seguinte, alguém tem que madrugar para ir colocar a panela nas caldeiras vulcânicas.

 

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Em dia de cozido, toda a família e amigos se reúnem e o ritual começa por uma visita aos banhos térmicos na Poça da Dona Beija (um local indiscritível que um dia vos dou a conhecer no blog). Depois de relaxar em águas férreas de 40 graus, segue-se um passeio pela vila, com visita às caldeiras. Qual não foi a minha admiração quando vi pela primeira vez cozer ovos em poucos minutos, apenas colocando uma pequena panela por baixo de água corrente a ferver que saia diretamente das caldeiras. Tudo ao natural e com outro sabor. Uma pitada de sal no ovo, acompanhando com bolo lêvedo e kima ou laranjada, e tudo tem outro sabor. Há uma certa altura do ano que também se podem encontrar à venda maçarocas de milho, que são cozidas dentro de sacas nas caldeiras. O cheiro das caldeiras faz uma certa impressão da primeira vez que o sentimos, mas é apenas o vapor do enxofre e, por isso, um cheiro da natureza.

 

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Como o cozido tem de ficar cerca de 6 horas na caldeira a cozer, dá tempo para conhecer mais um pouco da ilha e dar um pulo até à praia da Ribeira Quente, atravessando tuneis e vislumbrando cascatas pelo caminho. Pode-se aproveitar também para conhecer a Povoação e provar as «fofas», um bolo típico da região. No centro da vila, existe um Parque Zoológico, local interessante para os mais pequenos.

 

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De regresso às Furnas, preparamos uma ou duas mesas que se encontram na margem da Lagoa, e vamos assistir ao levantar da panela. O recinto que antigamente era gratuito, hoje em dia com a chegada de cada vez mais turistas tornou-se pago. Quem ficou a perder, com certeza, foram os funcionários que antes ganhavam mais alguma gorjeta para tirar o cozido.

 

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Com um sabor único e inesquecível, o Cozido das Furnas é diferente por ser cozinhado a vapor em caldeiras vulcânicas, mas o sabor torna-se ainda mais especial se preparado pela minha sogra. Quem já o provou jamais esqueceu. Além das carnes, de porco, vaca e galinha, dos enchicos (morcelas e chouriços caseiros), este prato típico açoreano leva ainda repolho branco, batata branca, batata-doce, inhame, cenoura e couve verde.

 

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O Cozido é, depois, retirado da panela com algum cuidado, separando-se as carnes e legumes em travessas. Acompanhamos com pão de milho, pão caseiro e, para quem gosta, um copinho de vinho. De barriga cheia, sabe tão bem dar um passeio na margem da Lagoa, e até caminhar até à ermida de Nossa Senhora das Vitórias. Com ar abandonado esta ermida situa-se na margem sul da Lagoa das Furnas e foi construída com o objectivo de sepultar o casal José do Canto e Maria Guilhermina do Canto. É um raro exemplo do estilo neogótico existente em Portugal e com caraterísticas únicas para a região. Perto encontra-se também a Mata-Jardim José do Canto, que contém umas vastíssima variedade de fauna e flora.

 

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O Parque Terra Nostra é outro dos locais que não podemos deixar de visitar nas Furnas. Situado no centro da vila é um dos mais vastos e antigos jardins dos Açores. Neste parque, podemos encontrarflora endémica dos Açores, mas também inúmeras plantas nativas de países com climas completamente distintos. O parque tem também um tanque de água térmica onde nos podemos banhar (mas não convém fazê-lo durante a digestão do cozido, pois a água férrea é muito pesada para o estômago). Outro dos locais de visita desta zona é a Reserva Natural do Pico da Vara, que integra o ponto mais alto da ilha de São Miguel, tendo uma área de 7,86 km quadrados.

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 Concluindo, quem visitar esta ilha não pode deixar de provar o cozido à portuguesa com gosto açoreano. Se possível, preparado em casa e saboreado na margem da Lagoa das Furnas. Senão também existem vários restaurantes com o Cozido das Furnas na sua ementa.

Vou deixar aqui a receita dos bolos lêvedos, que são também uma receita da zona das Furnas.

Receita de Bolo Lêvedo:

  • 1 kg de farinha de trigo
  • 300 g de açúcar
  • 4 ovos
  • 1/2 l de leite
  • 1 colher de chá de sal
  • 1 colher de sopa de fermento de padeiro
  • 3 colheres de sopa de margarina

Aqueça um pouco o leite, junto com o sal e a margarina. Amasse a farinha, os ovos, o açúcar e adicione o preparado do leite. Amasse bem e adicione o fermento. Deixe levedar durante aproximadamente 7 horas (durante a noite por exemplo). Separe a massa em bolas, de tamanho aproximado de uma laranja, e coloque num tabuleiro polvilhado com farinha. Tape com um pano e  deixe levedar por mais 45 minutos (aproximadamente). Estenda as bolinhas, uma de cada vez, em forma de disco. Leve a cozer em lume brando, numa sertã de barro polvilhada com farinha e previamente aquecida (ou numa frigideira anti aderente). Coza de ambos os lados. O bolo Lêvedo, têm nome de bolo mas pode ser considerado um pão doce.

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O piratinha da família

O piratinha da familia fez 2 anos no dia 14 de Agosto. E como vos tinha prometido, vou contar como foi o nascimento do Tomás.

 

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 A gravidez, como a da Alice, foi super tranquila, embora tivesse durado mais algumas semanas. O caçula da casa decidiu ficar no seu «spa» até às 41 semanas. Como já tinha contado noutro post, descobri que estava pela segunda vez grávida em Chaves, no mesmo sítio onde soube da primeira. Mas, logo a seguir, o meu marido mudou de clube, que por sorte, ficava na minha terra natal, no Algarve. Por isso, o resto da gravidez correu às mil maravilhas.

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Finalmente com o C. a jogar no Farense, podíamos usufruir da nossa casinha em Loulé. Mas, foi sol de pouca dura. Em Junho de 2014, o Clemente assinava pelo Santa Clara e o nosso futuro passava pelos Açores, mais propriamente São Miguel.

 

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Nem sempre foi possível o Clemente acompanhar todas as ecografias da gravidez, mas aquela em que a obstetra anunciou que era um rapaz o C estava presente. Notou-se um brilho no olhar com a notícia e, assim que saiu da consulta, o pai babado apressou-se logo a contar à família e amigos. O nome, Tomás, foi escolhido pela irmã, com o consentimento dos dois papás. Quando fui fazer a moderna ecografia 3D, a minha sogra estava na altura no Algarve e por isso, convidei-a a assistir. Foi uma delícia, o médico muito meigo, mostrou com toda a delicadeza cada pormenor do bebé, enquanto explicava que estava tudo bem.

 

 

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 Às 40 semanas, 9 meses completos de gravidez, o T. não dava sinais de querer nascer, por isso lá fui eu recambiada pela minha médica, como da primeira vez, para induzir o trabalho de parto. Pensei logo, isto vai acabar como aconteceu com a Alice e os nervos começaram a aumentar. Lembro-me que passei a última noite na janela de casa a olhar para a lua, que estava cheia e gigante, a rezar para que me ajudasse este menino a nascer. A minha última experiência com a Alice de uma cesariana à pressa, em que a minha filha nasceu com necessidade de reanimação e ajuda para respirar, tinha me deixado traumatizada.

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 A minha sogra ficou com a Alice e lá fui eu de malas e bagagens para o Hospital Distrital de Faro. O Clemente, por esta altura, já tinha começado o campeonato e encontrava-se em São Miguel, mas viajava nesse dia para Lisboa, para realizar um encontro para a Taça da Liga, no dia seguinte, com a equipa do Oriental. Era dia 13, assim que aceleraram a indução do parto com soro e oxitocina, finalmente senti oque eram contrações. Chegou a hora da visita, a minha sogra e Alice entraram e foi a minha filha que me esteve a ajudar no processo de tentar amenizar as dores. Estava combinado que a minha irmã mais velha é que ia assistir ao parto. Assim que as contrações começaram a apertar, ela veio ter comigo. Fui para a sala de partos e deram-me a epidural.

 

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Entretanto, o jogo do Santa Clara realizou-se, perderam 3-1 e, assim que acabou, um colega emprestou o carro e o C. veio o mais rápido que pode a caminho do Hospital de Faro. O que é certo é que o Tomás esteve à espera que o pai chegasse para vir ao mundo. Quando ele chegou já era de noite e eu estava nas nuvens, com o efeito da epidural. A minha irmã saiu, o papá Clemente, que nunca pensou assistir ao nascimento do filho, entrou super bem disposto e descontraído, cativando logo a equipa médica com as suas piadas. Trocou histórias de vida com a parteira, fez convites a todas as enfermeiras para visitarem os Açores, enfim até parecia que eu não estava ali em trabalho de parto. A sala tinha música ambiente e foi preciso apenas fazer força umas três ou quatro vezes para que o bebé Tomás nascesse, ao som de Pink & Nate Ruess. A música «Just give me a reason» vai ficar gravada para sempre como uma das músicas da minha vida.

 

https://www.youtube.com/watch?v=OpQFFLBMEPI

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Foi um momento mágico, com uma mãe sorridente, um pai descontraído e uma equipa médica super bem disposta. O Tomás nasceu saudável, a chorar a plenos pulmões e com um índice de Apgar 10, ao contrário da irmã. Por isso, digo sempre que mil vezes um parto normal a uma cesariana. Sim está certo que há mulheres que sofrem horrores com o parto normal, mas eu sofri bastante com o pós-cesariana e não recomendo a ninguém. Ainda por cima porque tive que levar anestesia geral e só vi a minha filha passadas 24 horas. Nada como ouvirmos o primeiro choro do nosso filho e sentirmo-lo pela primeira vez junto ao nosso peito. A Alice conheceu o irmão por volta das 2h da manhã ainda na sala de recobro. Mas, enquanto estava à porta do hospital à espera e viu sair a enfermeira que me ajudou, foi-lhe agradecer e deixou-a de lágrimas nos olhos.

Como já disse, num post anterior, os meus filhos são o melhor de mim e ser mãe é a maior riqueza da minha vida!

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 Este ano, a festa de anos do Tomás teve como tema os desenhos animados Jake e os Piratas da Terra do Nunca. Ficam aqui algumas das fotografias do piratinha e da decoração da festa.

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Golos com história

Sou uma esposa muito orgulhosa em relação ao trabalho do meu marido. No dia 4 de Setembro, o C. marcou o golo 150 da sua carreira.

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O primeiro golo como jogador de futebol profissional foi no clube onde fez as suas camadas jovens e o primeiro a dar-lhe uma oportunidade na equipa sénior, o Clube Operário Desportivo, da Lagoa, terra que o viu nascer. Segundo ele, foi um tento com um sabor especial porque saiu do banco, na altura liderado pelo treinador Filipe Moreira, entrou e marcou um golo contra o Odivelas. Nunca mais esqueceu o dia 25 de Agosto de 2002.

 

Contas feitas, nos 14 anos de sénior, foram 150 golos intensos com várias histórias por contar. Outro golo que ficou para a história e que teve uma emoção especial na conta pessoal do Clemente foi aquele marcado no Jamor, na final da Taça de Portugal, ao serviço do Grupo Desportivo de Chaves, contra o gigantesco FC Porto. Foi festejado com grande emoção porque aquela época, o C. tinha feito todos os jogos do campeonato e, quando chegou ao momento de jogar a final deste troféu tão importante para o futebol português, o treinador colocou-o no banco.

 

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 Com o pensamento de que o pai se tinha deslocado de propósito ao Continente para o ver jogar no Estádio Nacional, entrou em campo com o objectivo fixo de marcar um golo e compensar o pai. A equipa estava a perder por 2-0, com golos de Guarin e Falcão, quando o C. entrou e, aos 85 minutos, ainda fez os flavienses sonharem. Naquela tarde de domingo, 16 de Maio de 2010, o meu marido fez história pelo GD Chaves e carimbou um marco pessoal na sua carreira. Ficou para sempre marcado como o jogador açoreano que marcou um golo ao Porto, por uma equipa da 2ª Divisão, a um dos grandes do futebol nacional, o FC Porto.

Aquele ano de 2010 em Chaves foi um ano fatídico porque desceram de divisão e os jogadores passaram por imensas dificuldades, inclusive financeiras, mas tinham a estrelinha da Taça de Portugal. E o C. tinha a sorte de marcar em todos os jogos desse troféu, e a várias equipas da 1ª Liga. Culminou com aquele dia quente de Primavera em que vos vou contar a minha própria experiência.

A Alice tinha um aninho, feito há poucos dias, mas decidi que tinha que ir ao Jamor.  Era um momento único e desde que ela nasceu que nunca deixei de acompanhar os jogos do Chaves, principalmnete em casa. Mesmo em dias de frio naquela terra transmontana, a Alice encontrava no Estádio Municipal o melhor sítio para fazer as suas sestas. Por isso, naquele culminar da época não podia deixar de ir ao Estádio Nacional, em Lisboa. Saíram mais de 10 autocarros de Chaves, num extase sem explicação, 8000 adeptos eufóricos. Eu fui de carro com uns amigos e tinha ficado combinado que a Alice ficava do lado de fora do Estádio com uma amiga nossa e madrinha de casamento, porque não é permitida a entrada a menores de 3 anos.

E assim foi... Só que ao intervalo, e já o Chaves estava a perder por 2-0, a minha amiga ligou-me a dizer que a Alice estava a chorar compulsivamente e já não sabia o que fazer. Lá abandonei o estádio e fui acudir a minha filha, que assim que me viu acalmou e adormeceu. Não cheguei a ver o meu marido em campo, mas continuei a ouvir o relato do jogo pelo rádio. Uns minutos depois, ouço que ele ia entrar e o coração começou a bater mais depressa. As duas muito nervosas do lado de fora do carro, e aos 85 minutos ouvimos «goooooooooloooooooo»! Era o Clemente que tinha marcado, comecei aos pulos e a chorar ao mesmo tempo. Um polícia que estava ali perto até se aproximou para saber se estava tudo bem. Foi um momento muito emocionante e que ficou marcado para sempre na minha memória!

 

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O centésimo quinquagésimo golo foi marcado frente ao Fafe, 5º jogo a contar para o Campeonato da 2ª Liga. O jogo ficou 2-0 e o Santa Clara continua imbatível com 5 jogos e 5 vitórias, 15 pontos, e no topo da tabela classificativa, a fazer sonhar os açoreanos.

 

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O golo 50 teve um sabor um pouco amargo porque foi marcado com a camisola do Louletano no campo do Operário. O C. até chorou quando a bola entrou na baliza do seu antigo clube, de alegria por um lado por poder ajudar a equipa que defendia no momento, mas ao mesmo tempo sentindo-se um traidor.

 

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 O golo 100 foi marcado ao serviço da União Desportiva Oliveirense, no segundo escalão profissional de Portugal, para um jogo da Taça de Portugal em Pombal.

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 Contas feitas, foram 41 golos com a camisola do Operário, 33 no GD Chaves, 32 no Santa Clara, 21 no Louletano, 12 na UD Oliveirense, 7 no Arouca, 2 no Gondomar e 2 no Farense.

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Não é por ser esposa dele, mas aos 32 anos, quase a fazer 33, a minha cara metade pode dizer que tem uma carreira de sucesso. Pode não ter jogado na 1ª Liga, mas de uma coisa se pode gabar, de ter sido um grande profissional em todos os clubes onde jogou e ter deixado sempre a sua marca pessoal em cada um deles.

 

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 Neste momento, o C. já fez 99 jogos com a camisola do Santa Clara e espero vir a festejar muitos mais golos por este clube açoriano e, quem sabe, na 1ª Liga ;)

 

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O luxo de ter irmãs

Tenho duas irmãs que adoro e para mim é um luxo ter partilhado com elas uma infância feliz e uma adolescência ainda melhor! Somos três mulheres. As três Cs (os nossos nomes começam todos pela letra C). Eu sou a irmã do meio e, por isso, tive a experiência de ter sido a irmã mais nova que andava atrás da mais velha e, depois, fui também a irmã mais velha que cuidava da caçula da família.

 

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Tenho 4 anos de diferença da minha irmã mais velha, mas a partir da adolescência essa diferença quase não se notava. Partilhávamos roupas. Os nossos amigos eram praticamente os mesmos. Foi ela que me iniciou nas saídas à noite e vivenciei momentos únicos. Foi com ela que fui ao meu primeiro grande concerto. Nunca mais me esqueço dela me ter oferecido no meu dia de anos um bilhete para ir ver U2 a Lisboa. Fomos juntas e ficou para sempre guardado no meu baú das memórias.

 

Foi ela também que me integrou na vida lisboeta quando fui estudar para a Universisade com 18 anos. A minha irmã já lá estava há 4 anos e, por isso, conhecia bem a capital. Partilhávamos a casa com mais colegas mas o nosso quarto era o mesmo (que na realidade era uma sala). O curso dela foi Design de Moda na Faculdade de Arquitetura. Por isso, levava-me a todos os desfiles e festas da Moda Lisboa. Eu vibrava com aqueles dias. A verdade é que ela podia escolher as suas amigas e amigos para oferecer o convite, mas levava-me a mim, porque na realidade éramos as melhores amigas. Temos feitios muito diferentes, mas somos muito cúmplices. Até quase engravidámos ao mesmo tempo. As nossas filhas têm apenas 5 meses de diferença. Ela foi minha madrinha de casamento e é madrinha de batismo do meu filho. Eu sou madrinha de uma das filhas dela. 

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Quanto à caçula, costumo dizer que foi o meu presente de aniversário de 1987. Ela faz anos hoje, 7 de Setembro, eu faço amanhã. Temos 6 anos e 364 dias de diferença. Recordo-me como se fosse hoje o dia em que ela nasceu, porque foram todos para o hospital ver o «bebé» e ninguém se lembrou que eu fazia anos. Sempre adorei o meu dia de aniversário. Acordava bem cedo e levava todo o dia com um sorriso na cara à espera que me dessem parabéns. Hoje em dia já não é bem assim, mas continuo a gostar de me sentir especial nesse dia.

 

Quando éramos mais novas, havia grandes diferenças e maneiras de pensar. Com o passar do tempo, não sei se foi ela que amadureceu se fui eu que parei no tempo, porque me sinto como se fossemos gémeas. Os nossos gostos são muito parecidos, talvez por sermos ambas do signo virgem. Hoje, é com a irmã mais nova que partilho roupa, perfumes, maquilhagem e acessórios.

 

Estamos separadas por milhares de kms. Um Oceano separa-me da minha irmã mais velha e vários países da mais nova, mas o amor que sinto por elas é inevitável e infinito. Estão sempre perto no coração. Parabéns «little sister», hoje é o teu dia!

 

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E, depois, além do luxo de ser irmã, há também o sentimento maravilhoso de ser tia, que está muito bem descrito neste texto http://jafoste.net/ser-tia/.

 

Coleciono pores do sol

Nada mais lindo que um pôr do sol e eu sou obcecada por eles. Todos os dias o sol se põe e parece algo banal, mas há aqueles pores do sol que guardamos na memória.Eu, normalmente, gosto de guardá-los também num registo fotográfico. Quem me conhece sabe que adoro fotografar. E,há algo mais bonito que um pôr do sol, no mar ou na serra, no «meu» Algarve ou nos Açores?!

 

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Esta semana fui ao meu baú das recordações que guardo no computador e venho partilhar alguns dos pores do sol a que assisti e registei para sempre.

 

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 Assistir ao sol a pôr-se, sozinha ou em boa companhia, para mim é sempre especial. No Verão principalmente, sabe tão bem ir à praia e ficar até ao último bocadinho de sol a entrar no mar e sair de lá já com a lua e as estrelinhas a piscar no céu.

 

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Nos Açores, também já assisti a pores do sol lindíssimos, na praia do Pópulo ou nos Mosteiros, e depois há um sítio especial onde se pode ver o nascer do sol, que também pode ser um momento encantador e único. No Nordeste da ilha de São Miguel, o Miradouro da Ponta da Madrugada é um local visitado por muitos residentes e turistas, onde podemos chegar de noite ainda e esperar pelo nascimento do sol de dentro do mar. Quem já assistiu diz ser um espetáculo inesquecível ver essa estrela incandescente a sair das águas azuis do mar para o infinito azul do céu!

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 Sim, o crepúsculo também me fascina. Há uns anos atrás, fiz um cruzeiro no Mediterrâneo com a minha mãe e dos momentos que mais gostei da experiência de viajar num barco foi acordar todos os dias ainda de noite e esperar pelo amanhecer no mar.

 

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E, depois, há o pôr do sol na serra que também é igualmente mágico, mais ainda quando pinta o céu de tons rosa, laranja e avermelhado.

 

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Que venham muitos mais pores do sol para alegrar a minha vida!

 

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Da terra com amor

Há coisas que não têm preço e posso dizer que desde que vivo nos Açores tenho o privilégio de ter em casa todos os dias alimentos colhidos diretamente da natureza. Bananas, pimentas, batatas, abóboras, feijão são alguns dos frutos e legumes produzidos na terra do meu sogro. Plantados com muito amor e fruto de muito suor, ganham outro sabor.

 

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Hoje em dia, as pessoas estão acostumadas a fazer as suas compras em grandes superfícies e cada vez mais as frutas e legumes vêm acondicionados de uma forma que até parecem artificiais. Mas, nada melhor e mais saudável que ter à porta produtos de agricultura biológica e, aqui nos Açores, essa ainda se pratica muito felizmente. Há muito o hábito de ter um pequeno quintal em casa ou mesmo um terreno próximo onde podem colher diretamente da terra. Eu sou privilegiada por poder usufruir disso e os meus filhos também!

 

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Ontem aconteceu um episódio caricato aqui em casa com o Tomás, que com apenas 2 anos decidiu que queria comer um ovo. Chamou o avô, pegou-lhe pela mão apontando para o cesto dos ovos vazio e disse «vô quer ovo». E, como quase todos os avós que adoram fazer as vontades aos seus netos, o avô com toda a sua paciência, levou o T. na sua carrinha e foram ao galinheiro buscar ovos para o pequeno teimoso. Voltou todo sorridente e excitado porque tinha trazido o balde cheio de ovos. Lá cozinhei os ovos mexidos e os miúdos deliciaram-se.

 

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Há crianças que nunca tiveram em contato com a terra ou visto de perto animais como galinhas,cabras, vacas ou porcos.Os meus filhos felizmente estão totalmente familiarizados e adoram uma visita à quinta do avô. Colhem as bananas da árvore e comem-nas. Por altura do dia das Bruxas vão escolher a abóbora que gostam mais para decorar e agora, por exemplo, é época de apanhar as pimentas da terra que vão dar origem ao têmpero que os açoreanos utilizam em vários pratos tradicionais. A Alice e o Tomás adoram ajudar o avô a triturar as pimentas e este fica todo feliz por poder partilhar esses momentos com os netinhos!

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O Melhor de Mim

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Desde sempre que quis ser mãe e quando conheci o C. tive ainda mais certeza que a vida não teria sentido sem filhos. E, para mim, filhos não significam apenas aqueles do nosso sangue, os que saem da nossa barriga. Sempre tive no pensamento que, se um dia não conseguisse engravidar, não pensaria duas vezes em adotar uma criança. Não teria quaisquer problemas com isso, porque o que vale é o amor de pai e mãe, é aquele amor incondicional que nos faz sentir que podemos enfrentar o mundo. Com todos os obstáculos que o desafio da maternidade nos pode trazer, ter filhos é das melhores experiências que podemos passar na vida.

 

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A Alice foi planeada logo a seguir ao nosso casamento, mas chegou mais depressa do que imaginei. No primeiro mês que tentámos, o tiro foi certeiro -------->  Vivíamos em Chaves, na altura, e ficámos os dois muito felizes com a notícia. Cautelosos, contámos primeiro à família e amigos mais chegados, mas não demorou muito tempo para o C. marcar um golo e não se aguentar festejando com a bola na barriga e fazendo todo o Municipal de Chaves olhar para mim. A minha cara deve ter ficado «azul-grená» nesse momento com vergonha.

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A gravidez correu super bem. Costumo dizer que ficava mais uns meses grávida se fosse preciso. Apesar da ansiedade para conhecer a Alice, adorei esta fase da minha vida e sentia-me especial. É incrível o dom que temos mulheres de gerar uma vida e a sensação dos movimentos dos nossos bebés dentro de nós é fantástica (tenho imensas saudades disso!).

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Contudo, cedo o meu obstetra em Chaves detetou que a A. estava com um índice de peso muito baixo e esteve assim durante toda a gravidez. Até que a minha médica de sempre no Algarve (onde decidi que iria ser o nascimento), decidiu que às 38 semanas era hora de induzir o parto porque pior do que não estar a ganhar peso, a Alice estava era a perdê-lo e tinha que vir cá para fora alimentar-se o mais rápido possível já que a minha placenta não estava a alimentá-la. Só que o processo não foi tão simples como parece e quando um bebé acha que não é a sua hora de nascer, tudo se torna mais complicado. Os comprimidos que deviam ter funcionado para provocar as «malditas», ou benditas, contrações para o parto não funcionaram. e, depois de dois dias de indução e com o bebé já em sofrimento lá a equipa médica, que estava de serviço no Hospital de Faro, decidiu fazer uma cesariana de emergência. Isto entre várias discussões a que eu assisti na sala ao lado, e ouvi como se não estivesse ali. Pelo que me apercebi, foi a médica mais nova da equipa (que hoje em dia é uma grande obstetra e de quem sou fâ), que fez força para que partissem para uma cesariana e salvou a minha filha!

 

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A primeira coisa que fiz quando me consegui  levantar, após o repouso obrigatório de 24 horas que temos que ter depois de uma cesariana com anestesia geral, foi agradecer à doutora por tudo o que fez. Só depois de acordar da anestesia é que me apercebi o susto que foi, porque a A. nasceu com dificuldades, com índice de Apgar 1, e teve que ser reanimada e entubada. Quem mais sofreu com tudo isto foi a minha mãe e sogra, na sala de espera sem notícias do médico, e o C. que fazia uma viagem alucinante de carro de Penafiel até Faro, sem saber o que realmente tinha acontecido. Felizmente tudo correu bem, e hoje a Alice é uma menina linda, feliz e cheia de personalidade!

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O Tomás também foi um bebé muito desejado. Demorou um pouco mais a vir mas chegou na altura certa, numa linda noite de Verão. Desta vez, a partilha da notícia da gravidez foi preparada como uma surpresa para o papá C. e a mana mais velha. Estávamos na nossa segunda passagem por Chaves (depois de Oliveira de Azeméis e Arouca). O C. costuma dizer que só gostamos de fazer filhos em terras flavieneses e por isso tínhamos que voltar ;)

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 Depois de mais um domingo de jogo, como era habitual juntávamo-nos em casa de uns amigos. Era Dezembro, e a lareira acesa era fundamental numa terra de muito frio. Quando contei às minhas amigas, esposas também elas de jogadores, ficaram histéricas. Preparámos um saquinho com umas botinhas de bebé e o respectivo teste de gravidez. Mas a dona da casa fazia precisamente nesse dia anos de casada e começou por fazer uma declaração de amor ao marido em frente de todos e oferecer-lhe uma flor. Tinha o saco preparado por nós na outra mão e no final do seu discurso, disse "infelizmente este presente não é para ti marido, é para o Clemente!", que ficou surpreendido quando abriu e viu que era um teste de gravidez. Todos aplaudiram, menos a Alice que reagiu chorando e dizendo "eu não quero um bebé..."

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Mas foi só o choque inicial de uma criança de 4 anos. Depois de lhe explicar o quão maravilhoso era ter irmãos (eu tenho duas e adoro as minhas!), lá limpou as lágrimas.

Na noite mágica de 14 de Agosto de 2014, quando o Tomás veio ao mundo, a irmã feliz não desarradou pé da porta do Hospital de Faro e eram 2h da manhã quando a deixaram subir à sala de recobro para conhecer o irmão. Hoje, ela com 7 anos e ele com 2, são os melhores amigos e não vivem um sem o outro. Foram as setas certeiras atiradas pelo amor da minha vida e são o melhor de mim!

 

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