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O Meu País das Maravilhas

Partilhas de uma mãe que adora escrever e mostrar o lado bom da vida!

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Golfinhos e baleias como vizinhos

A primeira vez que vi um golfinho ao vivo foi no «meu» Algarve, no conhecido parque aquático Zoomarine. Não posso dizer que sou uma daquelas pessoas fascinadas pelo ser que é o golfinho, mas realmente quando ficamos a conhecer mais acerca desse mamífero inteligente e amistoso ficamos rendidos. Mas, sempre tive uma certa repugna pela forma como os seres humanos gostam de enjaular os animais para pô-los em exposição. Sou completamente contra circos que utilizam animais como escravos para entretenimento. Para mim, a forma mais linda de se conhecer os animais é no seu habitat natural. E, nos Açores, onde vivo neste momento, é possível fazer isso.

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São várias as empresas que fazem observação de cetáceos na ilha de São Miguel. Eu escolhi a Futurismo (www.futurismo.pt), que tem um leque alargado de opções, sendo possível embarcar num barco de borracha e avistar golfinhos e baleias mais de perto. Já optei por esta aventura há uns anos quando estive cá de férias com as minhas irmãs e alguns amigos. Ou, como fiz agora como uma espécie de despedida das férias de Verão para a minha filha, num catamaran.

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O passeio começou com uma breve explicação pelos biólogos da empresa sobre as espécies de cetáceos que podem ser observadas, as medidas de segurança a bordo, como respeitamos os animais e quais as regras de observação no mar, e alguns dados de cariz histórico.

 

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O nosso catamaran partiu da marina das Portas do Mar,em Ponta Delgada, em direção ao lado direito da ilha até à zona dos Mosteiros. Com um dia lindo de sol e o mar calmo, a viagem foi tranquila, com a Alice a adormecer num dos puffs disponibilizados pela empresa. Eu, curiosa como sempre, meti logo conversa com uma das biólogas e tirei as minhas dúvidas,e mais tarde foi ela que ao ouvido me disse «acorde a Alice que dentro de poucos momentos vamos ver dois cachalotes». E assim o fiz, primeiro avistámos uma tartaruga a nadar calma e descontraída, depois ao fundo começamos a ver um repuxo no horizonte. Eram dois cachalotes que vinham respirar ao de cima da água. O barco não se aproxima nunca muito para não assustar os animais e acima de tudo respeitá-los.

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Após o primeiro impacto que deixou todos deslumbrados, partimos à procura de mais uma família desses mamíferos que habitam ao largo dos Açores, que os vigias observaram e informaram o comandante do barco. Pouco depois, aproximámo-nos de um barco de borracha de outra empresa e conseguimos distinguir no meio do azul dos mar vários cachalotes, as mães e as suas crias. Tentamos captar com fotografando o mais rápidopossível, mas sem uma máquina profissional não é fácil. Nada como registar o momento bem no fundo da nossa memória para recordar para sempre!

 

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 A Alice adorou a experiência, mas no regresso a Ponta Delgada teve sempre na esperança de encontrar golfinhos. Não tivémos essa sorte, mas a bióloga explicou que fomos uns sortudos em ter visto tantos cachalotes e que os golfinhos nesse dia estavam tímidos. Segundo nos explicou mais tarde, a verdade é que cada vez têm avistado menos golfinhos ao largo dos Açores e que isso se deve sobretudo aos pescadores que ilegalmente têm apanhado muito do seu sustento.

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 A viagem terminou na loja da empresa situada nas Portas do Mar, onde nos convidaram a degustar um chá verde da Gorreana. A Alice adora chá e, por isso, adorou essa parte. Claro quis levar depois uma lembrança da loja. Escolheu uma tartaruga de peluche e um golfinho para o irmão. Tenho a certeza que não se vai esquecer deste dia tão cedo!

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 A Futurismo realiza saidas durante todo o ano. Por isso, se viverem em São Miguel, se preferem evitar os meses mais atarefados e se não são fãs de temperaturas quentes, ou se nos vierem visitar durante os meses de Inverno, é sempre possível realizar estes passeios de barco e avistar pelo menos 4 espécies, os golfinhos comum e de risso, o roaz e o cachalote, que são residentes.

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 Talvez voltemos na Primavera para tentar a sorte e ver golfinhos e outras espécies de baleias. Durante este periodo existem muitas baleias, azuis e sardinheiras, a passar nos Açores na sua migração anual. Ocasionamente é possivel ter avistamentos da baleia anã e de bossa, embora não tão comuns quanto as outras baleias de barbas. Se tiver sorte e avistar cachalotes, pode apanhar um autêntico postal dos Açores — a célebre cauda fora do mar. “Costumamos dizer aos nossos clientes que é o momento da fotografia mas também do adeus, porque significa que o cachalote está a arquear a cauda para fazer um mergulho profundo”, diz o biólogo. “Descem para caçar e ficam lá em baixo cerca de 50 minutos.” 

 

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 A história negra dos baleeiros açoreanos

 

É verdade que os açoreanos têm um passado como baleeiros. Enfrentar o maior animal do mundo em pequenos botes foi aventura de ilhéus valentes dos Açores. Essa história impressiona-me imenso, mais ainda sabendo que, por exemplo entre 1896 e 1949, foram ali mortas 12 mil baleias. Por outro lado, é de dar a valor a estes homens que desafiavam a morte para garantir a sua sobrevivência e da sua família.

 

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 Muitos foram os camponeneses açoreanos que tiveram de ir para o mar ganhar o seu sustento. Com arpões e orações, deram caça às baleias durante décadas. Numa reportagem feita há uns anos na RTP é possivel sabermos mais acerca da tradição baleeira dos Açores (http://ensina.rtp.pt/artigo/baleeiros-acorianos-a-historia-que-nao-se-repete/).

«Esta história insular da caça às baleias começou em finais do século XVIII, quando navios baleeiros da Nova Inglaterra recrutavam nas ilhas, tripulação para as suas longas campanhas. Muitos portugueses partiam nos barcos; uns regressavam a casa, outros faziam casa no outro lado do atlântico, na costa leste dos Estados Unidos da América, que assim ficou durante muitas décadas destino de emigração dos açorianos.Os ilhéus, muitos apenas rapazes com 13 e 14 anos, tinham coragem, olhos de falcão e a mestria de grandes caçadores. A bordo desses  baleeiros americanos, apuraram técnicas, aprenderam a derreter a carne que era transformada em óleo, a retirar das enormes cabeças o espermacete. Conhecimentos que puseram em prática nas ilhas, a partir de 1864», segundo se pode ler na reportagem.

O último cachalote a ser morto nos Açores foi em 1987, quando foi proibida a caça comercial deste grande mamífero. No ano em que entrou para a CEE, Portugal foi dos primeiros países a acabar com a barbárie que era a matança das baleias. A perseguição que hoje se faz não é para matar mas para observar os cetáceos, que fazem dos Açores passagem obrigatória na rota de migração. É com esta nova e ecológica atividade que as ilhas atraem mais turismo e fazem milhões de euros todos os anos.

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Principalmente ao largo da ilha do Pico, é possível avistar vários tipos de baleias em migração. «Para começar, a comida, que um animal de tal tamanho alimenta-se também pela boca e, em viagens longas, é preciso saber onde se come bem. Acontece que o principal alimento das baleias, um pequeno crustáceo altamente calórico, o krill, é abundante nestas águas e, por isso, pode ser uma zona unicamente de alimentação. Com  a barriga cheia, ganham forças para continuar a navegar, e tudo o que comem em excesso é armazenado como gordura para queimar no caminho. Ou então os Açores são um ponto de orientação, uma referência no mapa migratório, para não se desorientarem ou perderem. Talvez não haja um motivo apenas, mas uma conjugação de fatores que conduz  os animais a estas paragens, onde, para além da baleia-azul, as espécies mais avistadas são a baleia comum (balaenoptera physalus) e a baleia-sardinheira (balaenoptera borealis)», de acordo com outra reportagem feita pela RTP.

 

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